domingo, 18 de outubro de 2020

O encontro P-23

A rainha Melina subindo a superfície

A ansiedade da rainha Lara chegou a tal ponto que ela se virou pra os seus súditos e contou sobre seus últimos pensamentos, os guardas cerraram as fileiras ao redor dela e todos se puseram em guarda, preparados pra tudo. Não tiveram que esperar muito, logo se fez ouvir o som característico do portal se abrindo nas águas do lago. Surgiu então a rainha Melina e seus dois filhos, um de cada lado: Milo e sua irmã eram muito parecidos. Os outros fandans negros vieram logo atrás. A rainha Lara encarou a rainha Melina tentando decifrar pela fisionomia dela as suas intenções, mas ela estava impassível. As duas ficaram frente a frente e só então Melina se permitiu dar um sorriso, então falou:

- Hoje é um dia histórico pra nosso povo, Lara. Finalmente lhe conheço pessoalmente.

As duas rainhas apertaram as duas mãos, um costume típico do povo fandan. Lara disse então:

- Digo o mesmo, Melina. Espero que possamos nos entender sobre como será nossas vidas daqui pra frente, espero que possamos deixar o passado no passado e que haja cooperação entre nossos reinos.

- Perfeito! Quero isso também, que possamos nos ajudar, seu povo pode ir no meu reino e meu povo poderá vir aqui, só não abro mão do meu reino.

Lara nunca pensou em tomar posse do reino subterrâneo e ao ver que Melina pensava que ela iria exigir isso, ficou espantada. Sua única intenção era mesmo a união entre os dois reinos, basta de separação e animosidade por causa de brigas do passado. Foi com alívio que disse:

- Melina seu reino é seu e de seus filhos. Meu reino é meu e de meus filhos. E não se fala mais nisso.

Melina suspirou aliviada e a partir daí todos os fandans da caverna comemoraram o fim de uma briga que parecia infindável. Houve beijos, abraços e gritos de alegria. Lara convidou Melina e seus acompanhantes a conhecer Solemar. Foi um dia de festa inesquecível para todos os fandans que lotaram as ruas da cidade, pois havia muita curiosidade sobre os recém-chegados. 

No meio da festa e desde o encontro na caverna, Bah não parava de olhar pra Milo, mas o rapaz aparentemente estava distraído com tanta novidade. Só uma vez seus olharam se encontraram ainda dentro da caverna, ele sorriu pra ela...Bah sentiu seu rosto ficar vermelho e sorriu de volta. Mas durante a caminhada por Solemar uma fandan agarrou o braço dele e não largava mais. Bah não gostou nada daquilo, mas o que podia fazer? A rainha Melina e todos que vieram com ela iriam se hospedar no castelo de Solemar e Bah já cansada de um dia com tantas emoções, chamou Milka pra irem embora pra casa. Foi aí que sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se rápido e deu de cara com dois olhos verdes penetrantes a poucos centímetros do seu rosto, era Milo...

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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

As duas rainhas P-22


Não era difícil para um fandan falar com sua rainha. Bah conseguiu agendar um encontro através da secretária do palácio que consultou a agenda real. Dois dias depois, era fim de tarde, e ela estava sentada com outras fandans em mesas dispostas num pátio cheio de flores, tomando chá de frutas vermelhas com biscoitos amanteigados. Quando chegou a sua vez, se sentou de frente pra rainha e expôs seus pensamentos sobre a pendenga com os fandans negros do subterrâneo. A rainha ouviu com interesse e para alegria de Bah disse que concordava com ela.

-Você não deve saber, mas este assunto já foi muito debatido no palácio e entre vários moradores da ilha. A maioria absoluta concorda numa reaproximação com nossos antigos parentes.

E de fato, uma carta oficial do palácio, com o selo da rainha, foi enviada ao reino subterrâneo na sexta-feira. No sábado, uma eufórica Milka se encontrou com Bah na feira de Solemar:

-A rainha Melina recebeu a carta e pelo que soubemos gostou do conteúdo.

Bah já antecipava a alegria de conhecer fandans que nunca vira na vida e também a cidade subterrânea, mas havia especialmente um certo fandan negro de olhos verdes que queria muito rever. Milka lembrava que antes de fugir para o reino subterrâneo, seu maior sonho era ver todos os fandans unidos outra vez. Mas uma pergunta não queria calar: atualmente eram dois reinos, duas coroas, duas rainhas. Um reino teria que ser desfeito e incorporado ao outro? Como se daria esta união?

Na semana seguinte chegou a resposta da rainha Melina: ela concordou com um primeiro encontro dentro da caverna. Houve um rebuliço geral em Solemar pois todos os fandans queriam estar presentes, o que não seria possível. O resto da semana foi de preparativos para este encontro: o dia, a hora e quem iria comparecer. Iriam: as rainhas, suas famílias e pessoas mais próximas, funcionários de cada palácio ligados a diplomacia, os guardas e só alguns fandans moradores das duas cidades que eram os mais engajados na luta pela união entre os dois reinos, entre estes fandans, Milka e Bah.

 Antes da hora marcada todos se postaram ao redor da rainha Lara na beira do lago no interior da caverna e esperaram que os fandans negros emergissem das águas. Dava pra perceber que todos estavam nervosos e ansiosos. A rainha Lara não conseguira dormir a noite. Será que tudo daria certo? A medida que o tempo passava e se aproximava a hora marcada, um pensamento lhe ocorreu: será que os fandans negros eram realmente amistosos? Será que realmente queriam a união? Será que aquele encontro era uma armadilha?

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