segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Bah e Melina parte 2 P-28

Chuva no pátio do palácio de Esmirna


 
Em resposta ao sorriso de Bah, a rainha Melina sorriu de leve e ambas apertaram as mãos, Bah completou a saudação fazendo reverência. Os olhos da rainha eram tão verdes e penetrantes como os de Milo, ela avaliou Bah de cima a baixo, nenhum detalhe lhe escapou.

-Bah, não é esse seu nome? - Disse ela, quando Bah assentiu ela continuou - Meu filho me disse que gosta muito de você, que você é mais especial pra ele do que todas as outras namoradas que ele já teve. - Ela fez uma pausa - E foram muitas... - Emendou com um muxoxo -Você já tem um filho, mas isso não é problema. Preciso lhe avaliar pois é preciso adaptação a uma vida nova que você poderá ter aqui, uma vida bem diferente da que você está acostumada. Como uma princesa deste reino você terá direitos mas também muitos deveres. Faço testes que avaliam uma fandan como um todo e também certos detalhes. Você não pode dizer não, pois a avaliação já começou no momento que você entrou nesta sala.

Bah se sentiu pressionada, poderia se adaptar a uma vida de princesa? Era aquilo mesmo que queria pra sua vida? E a sua vida em Solemar? Seu filho, seu trabalho, sua família, sua casinha, seus gatinhos, seus pequenos e carinhosos alunos... sentiu o coração se apertar...e Milo? Gostava dele? Sim, sem dúvida! A rainha não estava querendo dedicação exclusiva... ou estava?...ela poderia se dividir entre Solemar e Esmirna?

-Rainha Melina, pra ser uma princesa eu preciso me dedicar o dia todo a esse ofício? 

-Não,claro que não. Talvez no começo você precise de mais dedicação, afinal todo começo é difícil. - Bah suspirou aliviada e Melina lhe lançou um olhar inquisidor - Se está preocupada com sua vida em Solemar, não vai perder nada, você só vai precisar organizar seu tempo pra dar conta de tudo. Sabe, gosto disso, você não é uma fandan deslumbrada, tem senso de responsabilidade.

-Exato, senhora. Sou muito responsável e amo o que faço. Se tenho que fazer uma coisa quero fazer direito, quero dar o melhor de mim.

Melina assentiu em aprovação, pegou alguns papéis que estavam sobre a mesa, procurou algo neles e sorriu torto.

-Canceriana... - Disse num tom frio - Sempre sentimentais e apegados as coisas e pessoas que amam. Sou do seu signo oposto.

Bah arregalou os olhos, deveria ter adivinhado, todas as características estavam ali... a rainha Melina era...

-Capricorniana...

-Exato! Isso pode ser um bom sinal.- Melina pareceu se animar - Nosso signo oposto nos complementa, nos ajuda a evoluir, melhorar pontos fracos...encontrar o equilíbrio é o que todos queremos. Não gosto de perder tempo, Bah. Tempo é dinheiro. Seu primeiro teste começa agora.

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domingo, 6 de dezembro de 2020

Bah e Melina parte 1 P-27

A rainha Melina no gelo do inverno

Bah ouviu de Milo o que não queria ouvir. A rainha Melina achava que a fandan que tivesse de ser sua nora, mãe de seus netos, deveria passar por seu crivo de avaliação, ou seja, ter qualidades que a seu ver eram muito importantes para uma futura rainha consorte. Segundo Milo, nenhuma de suas namoradas tinham passado neste teste. Bah pensou que não importava tanto as qualidades da futura nora da rainha, ela até entendia isso, porém o mais importante e a rainha parecia esquecer, era se o filho dela estaria feliz com esta nora perfeita.

O encontro já estava marcado e Bah não poderia fugir disso. No dia seguinte era almoço de domingo na casa da mãe e ela contou pra todos a novidade. Foi uma comiseração geral. A conclusão da conversa com a família, que durou a tarde toda e só parou depois do café da tarde, era que ninguém poderia mudar seu jeito porque outra pessoa exige isso, processos de mudança são pessoais e costumam vir de dentro pra fora. Fandans não aceitam que uma pessoa deixe de ser quem é porque se casou, casamento não é anular você como pessoa pra que se adapte a vida de outra pessoa. E a pergunta final era: será que esta nora perfeita só existia na cabeça da rainha Melina?

No dia do encontro Bah se descobriu extremamente nervosa. Horas antes de sair de casa recebeu uma visita inesperada. A rainha Lara estava parada do lado de fora da porta de sua casinha.

-Vim lhe dizer que não tenha medo da rainha Melina. Ela parece severa e fria, as vezes, mas tem um bom coração. Nas nossas conversas ela me disse que foi muito exigida pelos pais que também exigiram muito do marido dela, o pai de Milo, eles foram rígidos para que ela tivesse responsabilidade quando adulta, afinal ela seria a rainha de um reino e o marido teria obrigação de ajuda-la. - A rainha Lara fez uma pausa e pegou as mãos de Bah - Olhe, eu gostaria muito que você e Milo se unissem, já pensou em ser a princesa de Esmirna? Isso é o símbolo perfeito da união de dois reinos, pois você é uma fandan de Solemar que representa muito bem todos nós, compreende isso?

Bah não conseguiu falar mas disse sim com a cabeça. Seus olhos se encheram de lágrimas. Tinha sido inocência dela achar que a rainha Lara não sabia do encontro dela com a outra rainha. Rainhas sabiam de tudo. Recebeu um abraço e votos de boa sorte.

-Coragem! - Disse a rainha.

Bah sempre se achou corajosa, afinal todos diziam que ela era, mas sentiu as pernas bambas quando entrou no palácio de Esmirna a caminho da sala onde a rainha Melina recebia convidados com hora marcada. Não pode deixar de notar que algumas fandans que estavam por ali olhavam pra ela e cochichavam com as outras, apurou o ouvido e conseguiu escutar alguma coisa: 

-Ela é a mais nova namorada do príncipe...já perdi as contas de quantas já passaram por aqui...mas é a primeira de Solemar.

O fandam de protocolos do palácio que ela seguia abriu uma porta negra e alta e anunciou seu nome a rainha, depois estendeu o braço direito indicando que ela entrasse na sala. Bah entrou e encarou a rainha com o melhor sorriso que conseguiu produzir.

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terça-feira, 24 de novembro de 2020

Adaptações P-26

 

Os gatos de Solemar


Após mais ou menos 1 mês Bah voltou pra Solemar  e pra casinha da floresta. Milo e Milka vinham sempre visitá-la, pois ela precisava retomar suas atividades com seus pequenos alunos. O encontro com a rainha Melina ainda não tinha ocorrido e isso realmente a preocupava, mas aconselhada pelas fandans de sua família, sua mãe, avó, tataravó e também por Syl sua melhor amiga, Bah não tocava no assunto com Milo.

Paralela a história de Bah, Milka tinha sua própria história e a dela estava longe de se resolver. Um dia ela ficou com o coração aos pulos por causa de Lyam. Como todos os outros fandans de Esmirna ele viera conhecer Solemar com a família e a namorada. E pela primeira vez Milka trocara algumas palavras com ele. Lyam estava querendo saber onde encontraria no comércio de Solemar um determinado tempero que sua mãe queria muito experimentar e alguém lhe dissera que Milka era a pessoa certa pra lhe dar esta informação. Foi uma conversa muito rápida, uma pergunta dele e a resposta nervosa de Milka.

- Eu não estava esperando por aquilo - Milka comentou com Bah depois do ocorrido - fiquei sem reação ao ver aquele homem na minha frente. Ele sempre me evitou. Tive que me esforçar pra tirar os olhos dele e responder certo. Agi como uma adolescente apaixonada.

-Detesto dizer isso - respondeu Bah - mas ele ter se aproximado pra perguntar algo a você não quer dizer que ele esteja com algum interesse.

- É, eu sei... - Milka achava a realidade cruel, mas a verdade é a verdade, fazer o que? Ela e a bisneta se tornaram muito próximas depois dos últimos acontecimentos.

Depois que a reconciliação entre as duas cidades/ reinos deixou de ser novidade, as coisas começaram a voltar ao normal, ou pelo menos a um novo normal, pois a vida dali pra frente não seria a mesma coisa, nunca mais. Houve uma troca muito grande de cultura/costumes que se traduziam na comida, nas roupas, nas danças... As duas rainhas se tornaram amigas e os fandans seguiam suas rainhas como exemplos a serem seguidos. 

No fim de semana seguinte, Milo trouxe um peixe feito a moda esmirnense para o almoço do sábado na casinha da floresta. Alê aceitou bem o convívio com ele pra alívio de Bah. Lá pelas 3 da tarde Alê dormia e Milo estava muito quieto. Bah já conhecia Milo o suficiente pra saber que ele estava preocupado com alguma coisa.

- Ainda não conheci o pai de seu filho - disse ele sem olhar pra ela.

- Ah sim... ele anda bem ocupado com as finanças do palácio - Bah sabia que Erik era do tipo que tentava ocupar a mente trabalhando pra esquecer sentimentos tristes, a separação deles tinha sido necessária mas difícil, pra ele bem mais que pra ela... Bah desconfiava que ele ainda gostava dela.

- A mãe quer conversar com você - disse Milo de repente virando-se pra olhar pra ela - tenho um pressentimento ruim quanto a isso.

💓💚💛💜💙

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Esmirna P-25

Esmirna a cidade subterrânea.

 Os dias que se seguiram passaram como num sonho. Todos estavam muito entusiasmados com os novos fandans que conheceram e todos queriam conhecer a cidade subterrânea, da mesma maneira que os fandans de lá queriam conhecer Solemar. Foi um vai e vem constante na passagem da caverna, que agora estava constantemente aberta, sendo a rainha Lara a primeira fandan de Solemar a entrar na cidade "de baixo" oficialmente. Lara e Melina conversaram muito sobre como seria a vida de todos dali pra frente: acordos, leis e cooperação entre os dois reinos foram firmados.

Bah e Milo foram passar um tempo sozinhos em uma das praias de Solemar chamada "praia do amor" cheia de lindos bangalôs de madeira. Alê tinha ficado aos cuidados da avó e da mãe de Bah e os alunos dispensados por um tempo. Os apaixonados adoravam o lugar deserto e paradisíaco. Mas ao fim de 3 semanas Bah ardia de curiosidade, queria conhecer a cidade subterrânea. 

Bah na passagem da caverna

Quando ela finalmente conheceu a cidade ficou boquiaberta: era absolutamente linda! Havia muita cor na paisagem, muitos arcos, torres e pontes. A arvore da caverna também estava ali, era a ligação entre os dois mundos. O mesmo rio de Solemar banhava Esmirna, sim, este era o nome da cidade fundada a tanto tempo atrás pela rainha Sol, irmã gêmea do rei Eduardo de Solemar. Mas eles só tinham uma passagem para o mar, o caminho dos girassóis era bem cuidado e a praia era calma e sem ondas. Milo tinha uma casa lá.

Bah se dividiu entre a casa de seu novo namorado e a casa de Milka. Quando Milo precisava cumprir suas funções de príncipe ela ia pra casa da tataravó. Foi lá que numa tarde confessou pra Milka que estava com medo do primeiro encontro com a sogra, a rainha Melina. Quando Milka perguntou qual a razão daquilo, ela respondeu:

-Ela é indiferente em relação a mim, fria, distante... será que ela me considera apenas mais uma das namoradinhas do filho?

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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Bah e Milo P24


Bah e Milo ficaram se olhando um de frente para o outro por algum tempo. Esqueceram de tudo e de todos ao seu redor. Bah não conseguiu esboçar nenhuma reação, era sempre assim quando a pegavam de surpresa. Milo lhe deu um belo sorriso e falou:

-Hoje será mesmo um dia inesquecível, não acha?

Ela finalmente reagiu mas sem tirar os olhos do rosto dele:

-Não tenho a menor dúvida.

Bah retribuiu o sorriso, ele lhe pegou a mão e foram para um lugar mais tranquilo pra conversar. De relance Bah viu Milka e Syl fazendo sinais de encorajamento pra ela.

-Sua companheira - Bah disse se referindo a fandan que estava de braço dado com ele - não vai sentir sua falta?

Milo olhou pra ela com estranheza:

-Não, esqueça isso, por favor. Ela não significa nada pra mim. - Fez uma pausa enquanto ambos se sentavam num banco de praça bem afastado do centro da festa - Há muitas garotas querendo namorar comigo, mas eu sei quem eu quero. Soube no dia que vi você na caverna. Estava procurando alguém como você.- Dizendo isso olhou pra ela com tal intensidade que Bah desviou seu olhar.

-O que significa "uma garota como eu?" O que você viu em mim? - Bah sempre gostou das coisas certas e bem explicadas, nada de sombras de dúvidas.

-Vi uma garota corajosa que luta pelo que quer. E muito linda! Você tem alguma coisa que as outras fandans perderam... um ar de mistério... uma aura especial... não sei dizer exatamente o que é... só sei que eu gosto.

Bah ficou sem palavras. Sorriu, feliz em ouvir aquilo. Olhou para os símbolos na roupa escura dele, sim, ele pertencia ao elemento água como ela e era músico. Não era coincidência pois os fandans que pertenciam ao mesmo elemento, seja água, terra, fogo ou ar, se entendiam e se relacionavam melhor uns com os outros. Mil coisas passaram por sua cabeça, queria estar com ele, mas tinha uma vida em Solemar, tinha um filho, tinha alunos... Amava seu lar, sua cidade e sua família. Nisso era totalmente diferente de Milka. Mas talvez estivesse adiantando as coisas. Olhou bem nos olhos dele e disse:

-Eu sonhei muito com o momento que poderia lhe ver bem de perto, conversar com você. Estava ansiosa... e mal consigo me controlar com você assim tão perto. Desculpe, estou tremendo.

Milo sorriu e lhe deu um longo e terno abraço, depois pegou o rosto dela entre as mãos e lhe deu um beijo molhado e quente...

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domingo, 18 de outubro de 2020

O encontro P-23

A rainha Melina subindo a superfície

A ansiedade da rainha Lara chegou a tal ponto que ela se virou pra os seus súditos e contou sobre seus últimos pensamentos, os guardas cerraram as fileiras ao redor dela e todos se puseram em guarda, preparados pra tudo. Não tiveram que esperar muito, logo se fez ouvir o som característico do portal se abrindo nas águas do lago. Surgiu então a rainha Melina e seus dois filhos, um de cada lado: Milo e sua irmã eram muito parecidos. Os outros fandans negros vieram logo atrás. A rainha Lara encarou a rainha Melina tentando decifrar pela fisionomia dela as suas intenções, mas ela estava impassível. As duas ficaram frente a frente e só então Melina se permitiu dar um sorriso, então falou:

- Hoje é um dia histórico pra nosso povo, Lara. Finalmente lhe conheço pessoalmente.

As duas rainhas apertaram as duas mãos, um costume típico do povo fandan. Lara disse então:

- Digo o mesmo, Melina. Espero que possamos nos entender sobre como será nossas vidas daqui pra frente, espero que possamos deixar o passado no passado e que haja cooperação entre nossos reinos.

- Perfeito! Quero isso também, que possamos nos ajudar, seu povo pode ir no meu reino e meu povo poderá vir aqui, só não abro mão do meu reino.

Lara nunca pensou em tomar posse do reino subterrâneo e ao ver que Melina pensava que ela iria exigir isso, ficou espantada. Sua única intenção era mesmo a união entre os dois reinos, basta de separação e animosidade por causa de brigas do passado. Foi com alívio que disse:

- Melina seu reino é seu e de seus filhos. Meu reino é meu e de meus filhos. E não se fala mais nisso.

Melina suspirou aliviada e a partir daí todos os fandans da caverna comemoraram o fim de uma briga que parecia infindável. Houve beijos, abraços e gritos de alegria. Lara convidou Melina e seus acompanhantes a conhecer Solemar. Foi um dia de festa inesquecível para todos os fandans que lotaram as ruas da cidade, pois havia muita curiosidade sobre os recém-chegados. 

No meio da festa e desde o encontro na caverna, Bah não parava de olhar pra Milo, mas o rapaz aparentemente estava distraído com tanta novidade. Só uma vez seus olharam se encontraram ainda dentro da caverna, ele sorriu pra ela...Bah sentiu seu rosto ficar vermelho e sorriu de volta. Mas durante a caminhada por Solemar uma fandan agarrou o braço dele e não largava mais. Bah não gostou nada daquilo, mas o que podia fazer? A rainha Melina e todos que vieram com ela iriam se hospedar no castelo de Solemar e Bah já cansada de um dia com tantas emoções, chamou Milka pra irem embora pra casa. Foi aí que sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se rápido e deu de cara com dois olhos verdes penetrantes a poucos centímetros do seu rosto, era Milo...

🌄🌈🌎🌅🌊🌙

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

As duas rainhas P-22


Não era difícil para um fandan falar com sua rainha. Bah conseguiu agendar um encontro através da secretária do palácio que consultou a agenda real. Dois dias depois, era fim de tarde, e ela estava sentada com outras fandans em mesas dispostas num pátio cheio de flores, tomando chá de frutas vermelhas com biscoitos amanteigados. Quando chegou a sua vez, se sentou de frente pra rainha e expôs seus pensamentos sobre a pendenga com os fandans negros do subterrâneo. A rainha ouviu com interesse e para alegria de Bah disse que concordava com ela.

-Você não deve saber, mas este assunto já foi muito debatido no palácio e entre vários moradores da ilha. A maioria absoluta concorda numa reaproximação com nossos antigos parentes.

E de fato, uma carta oficial do palácio, com o selo da rainha, foi enviada ao reino subterrâneo na sexta-feira. No sábado, uma eufórica Milka se encontrou com Bah na feira de Solemar:

-A rainha Melina recebeu a carta e pelo que soubemos gostou do conteúdo.

Bah já antecipava a alegria de conhecer fandans que nunca vira na vida e também a cidade subterrânea, mas havia especialmente um certo fandan negro de olhos verdes que queria muito rever. Milka lembrava que antes de fugir para o reino subterrâneo, seu maior sonho era ver todos os fandans unidos outra vez. Mas uma pergunta não queria calar: atualmente eram dois reinos, duas coroas, duas rainhas. Um reino teria que ser desfeito e incorporado ao outro? Como se daria esta união?

Na semana seguinte chegou a resposta da rainha Melina: ela concordou com um primeiro encontro dentro da caverna. Houve um rebuliço geral em Solemar pois todos os fandans queriam estar presentes, o que não seria possível. O resto da semana foi de preparativos para este encontro: o dia, a hora e quem iria comparecer. Iriam: as rainhas, suas famílias e pessoas mais próximas, funcionários de cada palácio ligados a diplomacia, os guardas e só alguns fandans moradores das duas cidades que eram os mais engajados na luta pela união entre os dois reinos, entre estes fandans, Milka e Bah.

 Antes da hora marcada todos se postaram ao redor da rainha Lara na beira do lago no interior da caverna e esperaram que os fandans negros emergissem das águas. Dava pra perceber que todos estavam nervosos e ansiosos. A rainha Lara não conseguira dormir a noite. Será que tudo daria certo? A medida que o tempo passava e se aproximava a hora marcada, um pensamento lhe ocorreu: será que os fandans negros eram realmente amistosos? Será que realmente queriam a união? Será que aquele encontro era uma armadilha?

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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Colocando os pensamentos em ordem - P21


 É preciso que se diga que os fandans são bastante resolvidos em várias questões do cotidiano, inclusive na vida amorosa. Eles não pensam e agem como os humanos, não acham que são donos de uma pessoa porque estão namorando com ela - lembrando que os fandans não se casam apenas se juntam- não há brigas por causa de ciúmes e quando um deles percebe que está gostando de outra pessoa não esconde isso de seu atual parceiro,falam abertamente e sinceramente.

Por isso a conversa entre Erik e Bah foi absolutamente sincera e inevitável. Depois que ela confessou estar afim do príncipe Milo, Erik que já sentia que as coisas não estavam 100% entre eles como no começo do namoro - Bah andava bem arredia com ele desde o encontro na caverna - aceitou a verdade dos fatos. Fazer o que?

- Mas antes da gente se separar de vez, vamos dar um nome ao nosso aninho - disse ele.

Separação na verdade era só do namoro, porque os fandans conseguem manter uma amizade verdadeira, principalmente se tiverem um filho em comum. Alê, esse foi o nome escolhido por eles para o aninho, que por sinal já estava bem grandinho.

Na segunda- feira Bah estava sentada na mesa olhando pela janela e recordando tudo que acontecera até aquele momento. Todos os seus alunos terminavam uma tarefa,menos Bita que brincava com Alê no jardim, enquanto o gato Phil olhava pra tudo com ar de sabichão. Bah lembrava da conversa com a bisavó; estranhamente o fato do príncipe ter "várias garotas orbitando ao seu redor" não lhe tirava a fé que eles se entenderiam, ela tinha certeza que ele gostava dela tanto quanto ela gostava dele. A desventura da bisavó não se repetiria com ela.

 Bah contara para família no dia anterior que Milka estava viva, foi uma surpresa geral, alguns ficaram sem ter o que dizer e sem acreditar, mas no fim do dia aceitaram a opção de Milka, entendiam suas razões, apenas achavam que ela tinha exagerado no drama, não precisava "morrer" bastava dizer que ia tentar outra vida no subterrâneo, deixar um bilhete explicando tudo. Vó Fah era a mais inconformada, mas no fim disse que estava com muita saudade de Milka e que adoraria vê-la de novo.

Bah pensou que aquela rusga entre fandans de cima e do subterrâneo estava mais que na hora de acabar. Mas só a noite quando terminou de arrumar a cozinha e colocou Alê pra dormir, lhe veio a idéia de falar com a rainha Lara sobre isso. Não sabia o que ela pensava desta questão. Imaginou logo um encontro muito especial entre duas rainhas: Lara do reino de cima e a atual rainha do subterrâneo.

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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Contando tudo pra Erik - P20


Chuva na casinha da floresta

Bah levou um tempo pra absorver o impacto da revelação da tataravó. Em sua mente veio a imagem do príncipe na caverna: totalmente vestido de negro e os olhos verdes penetrantes fixos nela. Milka acrescentou:

-Acho que nossos irmãos negros estão cada vez mais simpáticos a idéia de fazer as pazes. Caso contrário não me deixariam vir aqui com tanta frequência, pois é claro que eles sabem que estou usando a passagem do lago, eles sabem de tudo. Nos tempos da rainha Sol já haviam fandans que concordavam com esta idéia e esse número só aumenta.

Bah estava pensando em outra coisa:

-Eu posso contar pra vó Fah que você está viva? Posso contar pra família toda?

Milka não hesitou:

-Pode contar sim! Não me basta vê-los de longe. Quero voltar a dar grandes e calorosos abraços em todos!

Bah se sentiu muito feliz com isso. As duas se despediram e combinaram de se encontrar no mesmo local no próximo sábado. Voltou pra casa da mãe na cidade e disse pra ela que tinha uma revelação muito importante a fazer no domingo, quando toda a família se reuniria no almoço. Saiu praticamente correndo de lá pra não dar chance a mãe de fazer perguntas. Quando chegou em sua própria casinha da floresta só encontrou Erik com o aninho. Olhando pra ele tomou uma decisão: precisava contar tudo sem esconder nada. Pegou o aninho sonolento no colo e se sentou na sua cadeira preferida fazendo sinal pra Erik sentar em outra e começou:

-Preciso te contar umas coisas...

E contou tudo, inclusive que estava apaixonada por Milo o príncipe do subterrâneo. Erik não reagiu com surpresa, mas se levantou e começou a andar de um lado para outro. Parou e olhou pra ela:

- Você acha que eu não vi vocês dois paquerando na caverna naquele dia? - Bah enxergou um lampejo de irritação nos olhos dele, ele fez uma pausa - Eu sei que as coisas já não andavam tão bem entre nós...muito encanto já se perdeu...você quer terminar?

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domingo, 13 de setembro de 2020

O príncipe do subterrâneo P19

Milo, o príncipe de Esmirna

 Bah e Milka conversaram muito sentadas dentro da loja. Milka explicou a volta de Lyam:

-Quem me contou foi Frei,um dos meus vizinhos amigos.Ele disse que tinha visto Lyam na cidade e que soubera que a volta dele tinha sido um pedido da família que estava com saudades.

- E por que ele sumiu?

-Exigência da namorada dele que queria afasta-lo de mim.Eles foram morar na fronteira norte do reino subterrâneo,um lugar chamado simplesmente de Minas onde fazem extração de metais preciosos.

Neste ponto da conversa o semblante de Milka mudou:

-Eu senti sentimentos contraditórios: estava feliz por ele ter voltado e triste porque não queria ser o pivô de briga ou separação dele com a namorada. Mas queria muito encontra-lo outra vez. Então me arrumei, colocando este capuz pra me disfarçar e fui a cidade. Consegui avista-lo duas vezes, precisei controlar a emoção forte que senti, cheguei bem perto na segunda vez, ouvi a voz dele falando com alguém e senti até o perfume que ele usava, mas não falei com ele.

Bah estava empolgada:

-Ele viu você? Notou que era você que estava ali perto?

-Se notou, disfarçou, pois não esboçou nenhuma reação. Ele entrou em um prédio e eu voltei pra casa.

-E o que aconteceu depois?

-Nada. Ele voltou para as Minas.

As duas ficaram tristes e pensativas. Mas um plano começava a tomar forma na cabeça de Bah, ela pegou as mãos da tataravó entre as suas e disse:

-Eu quero ir com você conhecer o mundo subterrâneo, mas não é pra ficar lá, entende? Vó Milka, nós somos consortes de um mesmo destino! - Os olhos de Bah brilhavam - Nós duas nos apaixonamos por fandans negros de uma terra que não é a nossa, de um povo que desconfia de nós, de modo que eles são quase proibidos, inacessíveis...

Milka olhou pra Bah com ternura e disse:

-Foi por isso também que resolvi falar com você. As notícias correm no subterrâneo com uma rapidez que você não imagina. Nós soubemos do encontro na caverna. Eu fiquei atemorizada mas feliz quando soube que era você a autora da aventura. Você se parece muito comigo, nenhum dos meus filhos se parece tanto comigo como você. Eu conheço o fandan que você paquerou na caverna.

-Quem é vó Milka? Como se chama?

-Ele se chama Milo e tem pelo menos uma dúzia de garotas que orbitam ao redor dele como abelhas em torno do mel. Ele é o príncipe do reino, filho primogênito da rainha do subterrâneo e o próximo rei.

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domingo, 6 de setembro de 2020

A aventura corajosa de Milka P18

Lyam

 Cabe aqui uma explicação, no caso é mais um lembrete: os fandans não envelhecem,eles nascem,crescem e quando chegam a fase adulta permanecem com seu corpo físico praticamente inalterado por anos e anos, mas não são imortais, depois que chegam em uma idade bem avançada eles morrem. Isso explica porque Milka sendo tataravó de Bah ainda estava bem viva e jovem, o que para nós humanos seria impossível.

Quando Milka se identificou pra Bah e esta a reconheceu, se seguiu um silêncio mortal. Na cabeça de Bah havia mil perguntas, mas ela não conseguia formular nenhuma.Foi Milka quem primeiro falou:

-Querida Bah, eu sei que é difícil assimilar que sua tataravó esteja viva, pois todos pensam que eu morri... mas foi a única saída que encontrei pra escapar deste mundo e ir para o subterrâneo encontrar o fandan negro por quem estava apaixonada.

-Mas você deixou sua família toda aqui! -Bah recuperou a voz- Seus filhos,seus netos... pra ir a um mundo desconhecido onde você nem sabia se seria bem acolhida!

-Meus filhos já eram adultos e já cuidavam da própria vida,seu tataravô tinha outra namorada, não estávamos mais juntos.Eu não encontrava mais sentido pra minha vida aqui, só conseguia pensar no fandan que tinha visto na caverna.

- E este fandan? Você nem sabia se ele gostava de você!

-Não, saber com certeza eu não sabia...só minha intuição que me dizia que sim,eu deveria arriscar tudo por ele.Eu nunca tinha sentindo algo tão forte e só nos olhamos por poucos segundos...

-E o que aconteceu quando você chegou lá?

Milka puxou duas cadeiras e as duas fandans de idades tão diferentes mas com os mesmos ideais de vida se sentaram de frente uma pra outra:

-Primeiro foi difícil chegar lá,tive que convencer os fandans negros que guardam o recinto da árvore sagrada que queria me mudar para o reino subterrâneo,isso levou algum tempo,até que eles voltaram com a permissão da rainha deles.A passagem é mágica e sem a permissão dela ninguém entra lá.

-E como é o reino subterrâneo?

-Se parece muito com o nosso. A natureza é igual,você pode pensar que por ser subterrâneo seria uma terra escura,sem luz...mas não...só achei que lá as estações são bem mais marcadas que aqui...o inverno é rigoroso e o verão é realmente muito quente.As casas são diferentes, a alimentação,as roupas e as pessoas são diferentes. Eles são bem mais desconfiados que nós, nisso não há a menor dúvida.

-Então eles não te aceitaram bem assim que você chegou lá.Estou certa?

-Infelizmente está.Todos olhavam pra mim como uma intrusa, pra piorar a situação o fandan por quem me apaixonei,que se chamava Lyan,já tinha uma namorada e mal olhou pra mim...virou as costas e desapareceu por um bom tempo.Foi uma decepção tão grande que fiquei em choque por dias.Quase me arrependi de ter ido pra lá,chorava todas as noites.Mas sou persistente,me dediquei ao meu trabalho,a casa que me deram...aos poucos consegui ser vista com menos desconfiança.Eu sabia que não podia voltar pra cá, mas não resisti e as vezes vinha aqui ver vocês as escondidas.Três fandans negros de idade avançada que moravam perto de mim eram meus amigos e me ajudaram muito na adaptação, não sei se teria conseguido sem eles.O tempo passou e um belo dia de primavera Lyan voltou...

🌈🌊🌄

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Milka outra vez P17

 

Os dias que se seguiram foram tranquilos, mas a Bah sempre que tinha algum tempinho pesquisava sobre os fandans negros. Descobriu assim que a neta da rainha Sol agora reinava no reino subterrâneo e os 52 fandans que anteriormente entraram nas profundezas da caverna nos tempos do rei Eduardo I,tinham se multiplicado e agora eram cerca de 250 fandans. No coração e na alma da Bah ardia a curiosidade e o espírito de aventura e por mais que ela tentasse,seu pensamento e vontade retornavam pra o mesmo ponto: queria conhecer aquele mundo subterrâneo.

Erik,sempre observador, percebeu tudo isso e mais uma vez lembrou a namorada e mãe de seu filho, que os fandans negros poderiam ser ainda menos amistosos do que tinham sido na caverna,eles tinham deixado claro em várias ocasiões que não queriam papo com ninguém. Aliadas a Erik, Syl e a avó Fah,endossavam as mesmas afirmações.

Em um sábado chuvoso e frio,era a época de muita chuva em Solemar, Bah estava na cidade como de costume vendendo seus doces,quando uma mulher apareceu ao seu lado.Seu rosto estava quase totalmente coberto com um capuz enorme e ela se vestia com roupas diferentes dos habitantes de Solemar.Bah percebeu imediatamente que ela não morava na cidade,de onde vinha e o que queria? Tocando o braço de Bah de leve a mulher disse:

-Se você quiser mesmo conhecer o mundo subterrâneo,posso te levar lá.

-Quem é você? Por que está me dizendo isso? Você nem me conhece.

-Conheço sim, mais do que você imagina.Estou lhe dizendo isso porque sei que você quer muito ir lá.

-Nunca lhe vi aqui. Mostre seu rosto.

A mulher agarrou o braço de Bah e a puxou para um beco lateral da praça, entraram numa loja que Bah pensou que estivesse fechada há muito tempo.O lugar estava cheio de mercadorias em prateleiras bem organizadas,mas não havia ninguém ali.A mulher deixou cair o capuz e sorriu.Bah ficou paralisada,reconheceu o rosto imediatamente,tinha visto aquele rosto muitas vezes antes,os traços familiares em um antigo diário...era sua tataravó Milka!

sábado, 15 de agosto de 2020

Explicações 2 P16

Depois da conversa esclarecedora com o namorado Erik, a Bah ficou sabendo que assim que ela e Syl saíram de casa pra ir a caverna, ele e seus amigos guardas foram atrás, pois estavam de sobreaviso perto da casinha da floresta. Na noite do mesmo dia, Bah, Syl e a avó Fah estavam sentadas na varanda, o aninho dormia no berço perto da janela. A avó de Bah quase não falara desde que a neta voltou pra casa. Mas aí começou:

- Meninas, toda esta história é um tabu pra nós fandans. Sua tataravó Milka, cujo diário você leu, também soube desta história, mas só depois que insistiu muito pra que alguém lhe contasse.

-Por que ninguém fala sobre isso,vó? Eles também são fandans como nós, depois de tanto tempo isso já deveria ter sido resolvido, eles poderiam voltar ao nosso convívio...

-Não é tão simples assim. Mas você tem razão... O que acontece é que com esta separação dos dois irmãos gêmeos reais, o nosso povo também se separou... de repente, nós que julgávamos que éramos um povo unido, sempre com bons costumes, boa convivência, grande tolerância com as diferenças e sempre conversando uns com os outros pra resolver as pendengas... notamos que não era bem assim... e o mau exemplo veio de cima, de um rei e de sua irmã...

-Sinceramente, eu acho que o rei Eduardo poderia ter perdoado a irmã, ela não queria o trono dele, só queria viver tranquila com os fandans que gostavam dela. Ele foi muito duro com ela.

-Muita gente pensa assim... mas pense, foi ela que causou a separação...

Bah ficou em silêncio. Syl só balançava negativamente a cabeça. Uma brisa leve soprou balançando as roupas no varal e aquele movimento fez a Bah se lembrar de outras roupas: as roupas negras dos fandans na caverna.

-Vó, por que eles são tão pouco amistosos? Eles olhavam pra gente com uma frieza que beirava a raiva! Não acredito que fandans possam ter sentimentos tão ruins e primitivos.

-Por isso que lhe disse que este assunto é um tabu e evitado a todo custo... o que se sabe é que alguns fandans da caverna se fecharam cada vez mais em seu mundo particular... eles achavam que eram injustiçados e sua rainha tinha sido desprezada como uma criminosa... por isso juraram nunca mais falar com os fandans seguidores do rei Eduardo. Sol não pensava assim e até o seu ultimo aparecimento, ela sempre tentou fazer as pazes, escrevia para o irmão, mas nunca obteve resposta.

Os dias foram passando... mas a Bah não esquecia o confronto na caverna e principalmente os olhos verdes do fandan negro que apontava uma flecha pra ela... não tinha raiva naquele olhar... estranhamente ela lembrou que a única vez que ficou presa nos olhos de um fandan foi quando começou a namorar Erik...

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sábado, 8 de agosto de 2020

Explicações 1 P15

Sol, a rainha do subterrâneo.

Bah não lembra como chegou em casa depois do confronto na caverna. Ela não conseguiu falar nada por algumas horas. Syl ficou extremamente assustada e não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Mas no outro dia Bah chamou a avó e Erik para uma conversa. A primeira pergunta foi pra Erik:

- Você sabia o que ia acontecer? Porque você apareceu lá na caverna com os guardas da rainha?

- Ok, vou te contar tudo. Afinal você não vai sossegar enquanto não souber.

-Os fandans negros são os fandans que sumiram assim que nosso povo chegou aqui na ilha de Solemar. Não é isso?

-Sim. Eles fizeram uma escolha e passaram a viver separados de nós.

-Que tipo de escolha?

- Nosso primeiro rei aqui na ilha de Solemar Eduardo I tinha um irmã gêmea, nascida cinco minutos depois dele. O interessante é que Eduardo nasceu no ultimo dia do ano velho perto das 24 horas e a irmã, chamada Sol, nasceu nos primeiros minutos do ano novo. A medida que eles cresciam foi ficando claro que suas personalidades eram bem diferentes e que os fandans se dividiam entre os dois, muitos preferiam Eduardo e muitos outros preferiam Sol. Mas a maioria só tinha certeza de uma coisa: Eduardo foi o primeiro a nascer então deveria ser o próximo soberano dos fandans. E foi o que aconteceu, ele foi coroado e quando os fandans chegaram na ilha ele era o rei. O que aconteceu depois ninguém esperava.

- Continue! 

- Alguns fandans sumiram junto com Sol e nunca mais foram vistos. Dois meses após o sumiço Eduardo I recebeu uma carta de Sol explicando que ela e seus seguidores estavam vivendo no subterrâneo de Solemar, que estavam bem, e que não se preocupasse porque ela não tinha intenção de roubar o trono dele, apenas tinha achado melhor viver separada com aqueles que a preferiam como rainha. Eduardo viu que não tinha como impedir a irmã de fazer isso, mas estava claramente magoado com aquilo tudo. Ele acabou decretando que a irmã nunca mais deveria aparecer no castelo e em parte alguma de Solemar. Isso não impediu da família e alguns outros fandans procurarem por ela em segredo, até que acharam a entrada para o subterrâneo no lago da caverna. Nunca chegaram a entrar no lago mas Sol vinha conversar com eles. Depois da morte de Eduardo I e de Sol, os fandans negros seus seguidores, se tornaram reclusos e nunca mais apareceram pra conversar com ninguém.  Eles vigiam a entrada da caverna e não deixam ninguém chegar perto do lago...

-Mas, todos ficaram sabendo o que aconteceu?

-Sim, mas o assunto era proibido de ser comentado.Todo mundo fingia que os 52 fandans e Sol tinham morrido, pois era assim que o rei considerava a história toda. Ele dizia que a irmã tinha morrido e tirou até os retratos dela do castelo...

🌈

quarta-feira, 29 de julho de 2020

O confronto P14

Um fandan negro
Tudo aconteceu muito rápido. Quase no mesmo momento que os fandans negros no lago apontaram as flechas para Bah e Syl, surgiu por trás delas Erik e mais dois amigos dele que eram soldados da guarda no palácio da rainha, e eles também estavam armados com as mesmas armas. As meninas ficaram duplamente assustadas com aquilo. Os guardas e Erik também apontaram as armas para os fandans negros e por um longo minuto eles ficaram se encarando, ninguém se mexia. O guarda central que Bah reconheceu como o capitão, se adiantou e disse:

- Nós vamos sair daqui com as garotas e vocês vão voltar para o lago de onde vieram.

Um dos fandans negros sorriu torto para ele e respondeu:

-Podemos fazer isso sim. Mas se mais alguém aparecer aqui na nossa caverna e neste recinto da árvore sagrada, não voltará para contar a história.

Ouvindo isso, Bah correu pra junto de Erik e Syl se posicionou atrás deles dois.O capitão trocou um olhar com Erik e disse:

-Muito bem, baixem suas armas e baixaremos as nossas.

Quando todos baixaram as armas o capitão voltou a falar:

-Vamos sair devagar, primeiro as garotas.

Bah começou a andar com Syl e Erik em direção a saída, mas não conseguia parar de olhar para os fandans negros, um deles em especial fazia o mesmo: olhava diretamente para ela, os olhos dele eram verdes claros e tão penetrantes que pareciam que enxergavam sua alma. Os cabelos e as roupas negras evidenciavam ainda mais a cor dos olhos.

Saíram do recinto do lago com os guardas logo atrás. Mesmo assim deu pra ouvir o mesmo barulho de antes: água em movimento e uma porta se fechando nas profundezas. Bah sentiu uma espécie de tristeza, como se tivesse perdido algo muito importante. Olhou para suas mãos: não tinha percebido, mas estavam tremendo muito.Fechou os olhos e começou a chorar.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Na caverna P13


No próximo fim de semana finalmente o tempo deu uma trégua e fez sol. Syl e Bah vestiram as roupas e sapatos de aventura, bem confortáveis mais resistentes, e se embrenharam na mata. Não falaram que iam explorar a caverna, apenas que iam andar pela floresta. Fah e Erik trocaram um olhar significativo, mas não disseram nada.

Um pouco antes do meio-dia chegaram a caverna. Syl convenceu Bah a explorar ao redor da entrada antes de entrar realmente. Bah achou que ela estava só querendo adiar o inevitável mas concordou. Não viram nenhuma outra entrada nem nada que chamasse a atenção por ali. Voltaram ao início e começaram a subir a encosta. Bah respirou fundo e entrou na caverna, Syl hesitou mas a seguiu.

Desta vez Bah não sentiu que estava sendo observada, apenas que ali dentro era mais frio que o exterior e muito silencioso. Após alguns minutos de caminhada começaram a descer e as passagens se tornaram mais estreitas. Bah e Syl tomaram todo cuidado pra marcar o caminho e não se perderem lá dentro.Começaram a ouvir um som característico de água corrente e após uma curva no caminho de pedras ladeado por um riacho...surgiu na frente delas um lindo lago azul iluminado pelo sol que entrava por uma abertura no teto da caverna. E no meio daquela beleza toda uma árvore florida cor de rosa. Era uma visão tão linda que por alguns minutos as fandans ficaram em muda contemplação.

Um barulho estranho surgiu inesperadamente como se uma porta tivesse sido aberta.E a água que antes parecia um espelho se agitou. Bah e Syl muito juntas se afastaram da beira do lago e se protegeram contra a parede da caverna. De dentro do lago surgiu o que pareceu 3 fandans negros, Bah e Syl que conheciam todos os fandans da ilha tiveram certeza que nunca tinham visto aqueles ali. Eles olharam pra elas com frieza e num piscar de olhos as meninas estavam na mira de 3 arcos com flechas apontadas diretamente para seus corações.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Fazendo planos P12


Bah e Syl se encontraram num sábado frio na cafeteria preferida delas no centro de Solemar. Bah estava tão entusiasmada com a história da tataravó no diário que só fez as compras básicas e deixou seus doces com a avó pra serem vendidos. Ela conseguiu deixar Syl tão entusiasmada quanto ela, com uma diferença: Syl nunca teve a coragem que Bah esbanjava desde sempre.
Combinaram de no outro dia irem a caverna, mas por puro azar, o domingo também amanheceu chuvoso,frio e com muita névoa. As duas ficaram tristes mas o jeito era esperar. 

No almoço a avó Fah sempre de olho na neta, acabou por perguntar o que estava acontecendo. Bah relutou mas acabou contando pra avó toda a história. Fah não ficou surpreendida, disse que já tinha ouvido falar do fandan negro da caverna, mas achava e a família toda também, que era invenção de Milka, pois ela sempre foi uma pessoa muito imaginativa e adorava inventar histórias. Isso foi um banho de água fria no entusiasmo da Bah.

Durante a semana ela teve uma idéia: foi na biblioteca central de Solemar pesquisar sobre a história dos fandans na ilha. Levando o aninho no carrinho,passou a tarde inteira lá. E com ajuda dos funcionários encontrou o que queria em um livro grosso e antigo. No livro estava registrado a data exata que os fandans chegaram na ilha de Solemar, quando eles se espalharam por toda a ilha enquanto era construída a cidade de Solemar. Um ano depois fizeram uma contagem dos fandans e perceberam que exatamente 52 deles tinham sumido! Procuraram várias vezes e nunca encontraram os sumidos.O mistério foi esquecido com o passar dos anos. Bah sentiu o coração disparar, alguma coisa lhe dizia que o fandan da caverna era um dos 52.

sábado, 20 de junho de 2020

O diário da Milka P11


Foi num dia chuvoso e frio na ilha de Solemar... A Bah estava com os aninhos dentro da casinha da floresta sem poder fazer nenhuma atividade na área externa, foi aí que ela teve a idéia de pegar antigos brinquedos que tinha visto na casa da avó Fah.

No dia seguinte estava no sotão dela recolhendo os brinquedos de uma prateleira alta, quando uma caixa grande caiu no chão com estardalhaço. Curiosa começou a olhar seu conteúdo e encontrou,entre outras coisas, um antigo diário escrito em uma letra muito bonita. Descobriu que o diário pertenceu a sua tataravó Milka já falecida.

 A Bah deixou os brinquedos de lado e começou a ler o diário. Em uma determinada página Milka descrevia um passeio na floresta onde teria encontrado uma caverna, com um pulo a Bah reconheceu que era a mesma caverna que ela e Syl tinham encontrado quando crianças. O mais fascinante de toda a história da tataravó, era o encontro com um ser que ela chamou de fandan negro, mais adiante no texto ela explicava que o nome era porque a figura se vestia completamente de negro, numa perfeita camuflagem com a escuridão do interior da caverna. Milka olhou diretamente para o ser e ele também olhou pra ela por uns 5 segundos, então ele se dirigiu para o interior da caverna e sumiu pra sempre. Milka voltou várias vezes lá mas nunca mais encontrou o fandam negro novamente. Chegou a pensar que tudo tinha sido um sonho...Tinha ficado fascinada por ele.

 A Bah lembrou do medo que sentira, a sensação de que estava sendo observada. Mais isso não a intimidou, pegou o diário junto com os brinquedos e saiu do sotão. Se despediu da avó sem falar no diário e saiu pensando: "No próximo dia de sol voltarei a caverna.Preciso falar com Syl."

domingo, 14 de junho de 2020

A amiga Syl e a caverna escura e silenciosa. P10

Syl
Há poucos feriados em Solemar. Os fandans comemoram o fim do ano e o começo de um novo ano, que é uma festa só, e como são muito ligados a natureza em geral, comemoram a passagem das estações: primavera, verão, outono e inverno, que são bem marcadas em Solemar. A maioria dos fandans amam a primavera pois tem paixão por flores, mas todas as estações são bem vindas para eles. Na primavera acontecem muitos ajuntamentos, pois como eu disse antes, os fandans não se casam, se juntam. E são estes os únicos feriados.

A Bah adora ir andar no comércio de Solemar, quando vai só é pra comprar livros e algumas coisinhas de casa, com uma das irmãs ou com a melhor amiga Syl é pra comprar roupas, sapatos e afins. Bah conhece Syl desde a infância, ela costuma dizer que são irmãs de coração e de pensamento. Syl também mora na floresta numa casinha distante uns 3 quilômetros da casinha da Bah e sua maior ocupação é fazer lindas jóias com pedras, que em Solemar existem em abundância.

Na infância Bah e Syl andavam pela floresta sem fim, exploravam cavernas, subiam em montanhas, nadavam no rio azul ou no grande mar ao redor da ilha, as vezes iam só e outras vezes acompanhadas com os irmãos e/ou alguns amigos. Hoje não fazem isso com tanta frequência, mas a Bah de vez em quando fica com vontade de se aventurar pela floresta sem fim outra vez. Ela tem uma lembrança recorrente de uma vez que encontraram uma caverna no alto de uma grande colina, cuja entrada estava oculta por vegetação. Subiram até lá mas como já era quase noite não entraram. A Bah entrou só um pouco além da abertura, Syl ficou com medo e não foi. Os fandans têm olhos diferenciados conseguem enxergar no escuro e embaixo da água com muita clareza, mas mesmo assim a Bah não conseguiu ver nada, estava tudo muito escuro e silencioso. Ela lembra principalmente da sensação que teve: de que alguém da escuridão estava observando as duas... A próxima coisa que pensou foi sair dali,correu descendo a colina na maior velocidade que podia, com Syl correndo na sua frente.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Erik e outros moradores da casinha da floresta P9



Na casinha da floresta moram além da Bah, um gato preto e branco chamado Phil que a Bah adotou há muito anos e é filho da gata que sua mãe cria.Phil é um gato super tranquilo e brincalhão e tem um bigode. Além dele há uma gata chamada neve,foi batizada assim por ser branca como a neve. A gata tem os olhos azuis e é muito fofa.Os gatos convivem bem com vários pássaros que fizeram ninhos ao redor da floresta e no telhado da casinha, entre eles um casal de bem-te-vis que adoram fazer cantoria assim que o dia amanhece.Há outros animais que aparecem de vez em quando,como os corceis negros,magníficos cavalos que passeiam por Solemar,o animal preferido do Erik.


Erik, o namorado/parceiro da Bah, trabalha no castelo de Solemar para a rainha, sua prima, como  contador, ou seja, cuida das finanças da família real e do reino como um todo. É preciso que se diga que não existe corrupção em Solemar, as pessoas são honestas em tudo que fazem. Erik presta contas de todo o dinheiro que passa por suas mãos e nenhum centavo some sem explicação. Ele não está todo dia na casinha da floresta, pois os fandans acham que morar juntos deteriora a relação, a rotina e a convivência diária acaba com a graça do amor... Então o que geralmente acontece é noites especiais de encontro entre os namorados o que acontece duas ou três vezes na semana.
 Na ultima vez que se encontraram, o tema principal da conversa foi: que nome daremos ao nosso aninho? Há muitas sugestões da família, dos amigos... O aninho tá crescendo rápido, precisamos de um nome...
Sempre que Erik vem a casinha trás flores para Bah, ela ama tulipas, e também trás outros presentes.Há muita gentileza entre os fandans, eles se respeitam acima de tudo. Desavenças são resolvidas com muita conversa,nada de guardar mágoas e rancores, pois isso não contribue para nada.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

A Bah é cheia de talentos! P8

Os bolinhos da Bah

As casas dos fandans são feitas de pedra, eles não usam madeira pois não cortam as árvores. Usam muito metais e outros materiais nas construções. As casas quase sempre têm um andar ou mais, os quartos são sempre no andar de cima e todas as casas são muito ventiladas e voltadas pra o nascer do sol. Não existe pessoas ricas e pobres em Solemar, todos possuem o mesmo nível social e até mesmo a família real não se considera melhor que nenhuma outra família.

A Bah nasceu em uma noite de julho. Ela é a quarta filha de uma família de oito filhos. É, os fandans têm muitos filhos, mas fazem isso porque têm como cria-los bem, nada falta a nenhum deles, e todos são tratados igualmente. A mãe e o pai da Bah moram na cidade com os filhos mais novos. Seu pai é engenheiro/arquiteto está sempre construindo casas, inclusive a casinha da floresta foi ele que fez e deu de presente pra filha. Sua mãe é costureira/estilista muito prendada, tem muitas clientes, inclusive da família real.

Mas a Bah sempre preferiu a calma e a tranquilidade de viver ao lado de um rio e com a grande floresta ao redor. Adora a liberdade que tem e o que faz. Seus pais nunca questionaram isso nem nenhuma outra escolha que ela fez na vida. Os fandans criam os filhos pra vida sem impor seus desejos, eles até dão conselhos, mas a escolha é do filho porque a vida é dele. A Bah sempre vai a cidade no sábado na grande feira de Solemar pra comprar e vender também, ela faz algumas coisinhas em casa, como bolinhos, biscoitos doces/salgados e doces de frutas. A avó da Bah, chamada Fah, ensinou tudo a ela ficando muito satisfeita com a neta tão prendada na cozinha. Elas tiram um dia da semana, geralmente a sexta-feira pra fazer as guloseimas, a Fah vai na casinha da floresta e elas deixam tudo pronto pra levar para feira no sábado. A família toda se reúne no domingo para o almoço, é como se fosse uma festa pra comemorar a vida e o começo de uma nova semana.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Um dia típico na casinha da floresta P7


A Bah tem um aninho bem jovem e ainda sem nome. Além dele cuida de mais alguns aninhos e aninhas, é uma das coisas que ela mais gosta de fazer. Na nossa realidade ela seria uma babá de crianças e sua casa uma creche. Mas é muito mais que isso. As meninas fandans que cuidam de crianças são muito valorizadas em Solemar pois as mães precisam trabalhar, todos os fandans contribuem com seus talentos em prol do desenvolvimento de seu povo e de sua terra, e deixar os seus queridos aninhos com alguém de plena confiança é muito importante para que as mães fandans fiquem tranquilas e plenamente produtivas no trabalho. Os pequenos fandans que a Bah cuida são:
  1.  Bita: Prima da Bah.Uma aninha traquina e muito inteligente que diz que é apaixonada por Fofucho.
  2. Fofucho: Um aninho que adora roupas largas ou maiores que ele, o que lhe dar a aparência de gordinho.
  3. Micha: A aninha mais velha do pedaço, ajuda muito a Bah.
  4. Cicilo: Possue uma espessa cabeleira vermelha/amarelada e é o mais novo de todos os aninhos, isso depois do aninho da Bah, que é o bebê da turma.
  5. Salsionino: Ao contrário de Cicilo quase não tem cabelo e não gosta de peixe. Não se sabe se um dia vai gostar.
  6. Malcia: Possue cabelos muito vermelhos. É uma aninha muito séria e muito estudiosa. Costuma ser a mais ajuizada da turma.
  7. Malcionino: Irmão mais novo de Malcia. Possue cabelos preto/avermelhados e é muito levado.
A Bah acorda com o nascer do sol e costuma caminhar pela floresta com o aninho. Ela aproveita pra colher frutas, flores e temperos. Os fandans adoram esta hora do dia e muitos deles assistem o nascer do sol pois pra eles tem o significado do renascer da vida todas as manhãs. Costumam respirar profundamente o ar puro, sentir os cheiros e ouvir os sons da floresta. A Bah então volta pra casa, prepara o café da manhã e dar uma boa arrumada na casa. Então chegam os aninhos que ela cuida, um por um, mas nem todos vêm todos os dias. Eles comem e vão estudar na sala de estudos. Sim, a Bah também é professora de aninhos. Depois dependendo do dia as atividades podem ser: passear na floresta pra conhecer as plantas e animais, cuidar da horta, tomar banho no rio nos dias quentes, cantar, ler, ou simplesmente dormir um pouco depois do almoço. No final do dia voltam para casa, mas as vezes ficam pra dormir com a Bah. Bita é a aninha que mais fica a noite na casinha da floresta, talvez porque seja prima de Bah.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Mais sobre os fandans P6



Os fandans não adoecem, nem envelhecem e vivem por muito, mais muito tempo mesmo. Mas não são imortais. Quando já estão com muita idade eles acabam morrendo. Aceitam a morte como parte da existência e não se revoltam, nem ficam tristes com isso. Não há cemitérios em Solemar. Os corpos dos fandans depois de mortos são entregues ao elemento a que pertenceram em vida: água, fogo, ar ou terra, mas antes são cremados, pois eles acreditam que assim voltam a fazer parte do grande universo, onde são todos provenientes de pó de estrelas. 

Os mais velhos são muito respeitados na sociedade fandan, eles são considerados poços ambulantes de sabedoria e experiência de vida. Não existe diferença de liberdade e oportunidades entre indivíduos masculinos e femininos em Solemar, todos são igualmente capazes dentro de suas particularidades, porque afinal ninguém é igual ao outro. Na escola básica é ensinado o principal, aquilo que todos devem saber. Então eles partem pra escola profissional, onde vão aprender apenas o que gostam e/ou ciências que têm afinidade e que vão fazer parte de sua futura profissão. Todas as profissões são consideradas de igual importância em Solemar, pois todos os fandans têm a consciência que são uma grande equipe de diferentes talentos em prol de um bem comum: seu povo e sua terra. Os fandans amam a natureza que é bastante exuberante na ilha. Seus animais de estimação são gatos e cachorros, um costume que herdaram dos humanos. Mas não existem pássaros enjaulados em gaiolas em Solemar. Os animais vivem livres na natureza e não são usados para trabalhos forçados de maneira nenhuma..