quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Inocentada P-110


Depois daquela revelação Athina foi chamada pra dar sua versão da estória. Bah achava que a conhecia muito bem, por isso quando soube que ela teria sido a fandan que lançou a maldição sobre a avó de Milo, não acreditou. Eles voltaram pra ilha de Solemar. Logo depois o conselho de Esmirna e Solemar foram chamados para uma reunião junto com a rainha Lara e Milo. Dario, proibido de entrar na ilha porque as pazes só tinham sido feitas com o filho, iria participar desde a cidade murada através de um enorme espelho.

Athina estava sentada no meio de um círculo formado por todos estes fandans citados anteriormente e parecia muito calma, até sorria de vez em quando. Dario leu a acusação redigida por ele em nome da mãe, sua voz tinha um tom acusador e frio, pra ele Athina já estava condenada, nem por um momento ele duvidou que aquilo não poderia ser verdade. Mas todos os outros fandans acreditavam no contrário, Athina tinha uma reputação excelente nos dois reinos.

Quando Dario terminou, Athina foi convidada a falar e se defender:

- Eu só tenho que confessar uma coisa - disse ela - eu era apaixonada por seu avô, príncipe Milo. Foi extremamente difícil aceitar a escolha que ele fez pra se casar. Desculpe dizer isso - ela não olhava pra Dario - mas sua avó era muito ardilosa, ela se convenceu que eu só ia pra ilha pra tentar reconquistar o marido dela. Mas eu ia pra ensinar magia, era isso que eu fazia na corte, mas nunca ensinei nada pra ela nem pra seu avô, eu não me aproximava de nenhum dos dois. Mas ela queria me prejudicar de alguma maneira, se não bastasse as fofocas que ela espalhava, sempre falando mal de mim... um dia ao voltar pra a sala onde guardava meus objetos de aula encontrei tudo destruído e fiquei transtornada, foi quando lancei uma magia contra ela da qual me arrependo até hoje. Eu estava cansada de aguentar tudo aquilo quieta e calada. Ela ficou irada comigo e me lançou a maldição de morte bem no meio do pátio do castelo, alguns fandans viram e podem ser minhas testemunhas, eu apenas me defendi, a maldição ricocheteou e voltou pra ela, bateu bem no meio do peito. 

Um silêncio pesado caiu na sala de reuniões. Milo estava lívido e Dario vermelho de raiva.

- Como ousa acusar minha mãe desse jeito? - disse ele - Ela é a vítima desta estória, não você.

- Isso depende do ponto de vista de cada um - disse um dos conselheiros de Esmirna.

- Bem... - Milo se recuperou - Os fandans que viram tudo que aconteceu estão aqui.

Um após o outro os fandans repetiram a mesma estória da magia que ricocheteou, eles não podiam mentir pois estavam sob efeito de uma magia que impedia que isso acontecesse.

Dario sabendo como tudo aquilo iria terminar, sumiu do espelho. Athina foi absolvida!

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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Milo e Dario se unem P-109

Assim que Dario terminou de falar os guardas e Milo já estavam com as armas prontas e em posição de defesa. Vendo aquilo Dario levantou os braços pra cima em sinal de rendição:

- Calma, calma... Eu voltei em paz! - disse sem se abalar. 

- O que você quer? - perguntou Milo.

- Acabei de dizer isso, concordei que devemos livrar minha mãe dessa maldição. Isso já durou tempo demais. Seu espírito merece descansar em paz. - E vendo que ninguém baixava a guarda continuou - Vamos, vamos... Não vou poder ajuda-la se não me der um voto de confiança. Não vai conseguir fazer isso sozinho. E vai ter que retirar o círculo mágico também.

Milo olhou para os outros fandans, ninguém parecia disposto a correr aquele risco. Lembrou que a lábia de Dario sempre foi muito boa. Ele continuou a falar:

- Andei pesquisando muito e descobri a magia certa pra livrar minha mãe desta prisão, ela não pode sair da dimensão em que está sozinha, mas preciso de ajuda, da sua ajuda. - Ele passou a explicar o que deveriam fazer. - Quando vi você na ilha percebi que finalmente chegara a hora de acabar com a maldição, então fui buscar isso aqui...  - Tirou do bolso um objeto comprido, quem sabia o mínimo de magia reconheceu o que era: uma varinha mágica usada pra canalizar magia de dois fandans ao mesmo tempo.

Milo lembrou da promessa que fizera a si mesmo, dar uma chance ao pai:

- Está bem, vamos fazer isso. - disse ele pra Dario - Veja bem, estou lhe dando um voto de confiança, se você  vier com segundas intenções, nunca mais lhe darei qualquer chance. Vocês todos vão pra outra sala. - Os fandans se apressaram pra sair dali, só Bah ficou. Milo olhou pra ela longamente - Não é hora de ser corajosa, vá também! - Bah hesitou de novo, mas se afastou.

Os fandans ficaram assistindo de longe: Milo afastou o círculo mágico até onde eles estavam e aí Dario fez algo rápido e inesperado... abraçou o filho com força, longamente, chegou a levantar Milo do chão. Depois segurou o rosto de Milo entre as mãos e olhou pra ele bem de perto.

- Finalmente posso chegar perto de você! - disse ele sorrindo.- Não vou lhe decepcionar, obrigado pela confiança. - Milo também sorriu constrangido - Certo, vamos lá. - Dario fez um gesto e o fantasma feminino reapareceu diante deles, estava bem no canto do salão. Ela se aproximou tão rápido que Milo se esquivou involuntariamente para trás. Os olhos brilhantes focaram em Milo extasiados:

- Você é muito parecido com Dario e com minha mãe, mas tem uma energia diferente. - A voz era estranha, mas bastante clara, o fantasma se virou pra Dario - Gostaria de conhecer minha neta também, antes de ir para sempre. 

- Mara? Não sei se isso será possível.- disse Milo - Me responda uma coisa... quem fez isso com você?

O semblante da fantasma mudou completamente, agora estava transtornado:

- O nome dela? - insistiu Milo.

- Athina!! 

Athina: veja legenda sobre a personagem na lateral do blog.
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terça-feira, 13 de setembro de 2022

A estória por trás da assombração P-108


Bah, sempre observadora, ela sempre tinha presença de espírito e conseguia pensar racionalmente mesmo em momentos de pavor, notou duas coisas interessantes: a assombração não passava da porta de entrada do salão, permanecia lá estática, sinal que o círculo mágico realmente funcionava, e o retrato da criança na parede, que supostamente era da avó de Milo, agora estava vazio, apenas a moldura se encontrava no local!

Todos estavam acordados agora, ninguém ousava se mexer, olhavam fixamente pra assombração que olhava pra eles de volta. Até que a figura quase transparente ergueu um braço tentando romper o círculo mágico, que  resistiu três vezes, Milo sentindo que a magia do círculo iria se quebrar levantou a mão e pronunciou uma frase mágica  poderosa, a assombração se afastou pra trás com um grito agudo e estranho que arrepiou os cabelos de todos os fandans da sala, atravessou a parede e sumiu.

Houve um murmúrio geral de alívio:

- O que ela pretendia fazer com a gente? - Perguntou Milka tremendo.

Milo se virou devagar, sua expressão era de raiva, não de medo:

- Estou cansado de bater de frente com membros ruins de minha família. Estou envergonhado também, que família problemática é essa? Pelos deuses! 

Todos baixaram a cabeça em respeito, o príncipe tinha razão.

- Milo, você não tem culpa de nada - Bah lhe deu um abraço - Você é um excelente fandan e tem uma tia que é muito boa fandan também, sua irmã está se redimindo...sua prima Alana também...

- É, eu sei, eu sei...

- Será que você poderia contar a estória de sua avó? Como ela veio pra cá e acabou ficando aqui pra sempre?

- Não há muito o que contar. Como eu disse antes, a família real sempre vinha pra este castelo, passavam temporadas e faziam magia por aqui... Minha avó não gostava de uma fandan da corte, as duas nunca se deram bem, ela queria que a fandan não viesse mais com a comitiva real para a ilha e o castelo, chegou a pedir para meu avô, o rei, que a impedisse de vir, mas não foi atendida. Um dia, esta fandan muito atrevida, fez uma magia contra minha avó que revidou lhe direcionando uma maldição: ela morreria e ficaria pra sempre presa no castelo. Ninguém sabe o que aconteceu ao certo, mas a maldição se virou contra minha avó que morreu cedo e virou o fantasma que assombra este lugar. - Ele parou e olhou pra todos - Vocês sabem o que eu realmente quero fazer aqui? Quero acabar com esta maldição e fazer minha avó descansar em paz.

- Muito bem, estão vamos fazer isso agora! - Era Dario que tinha voltado e estava parado no mesmo lugar onde a assombração estivera antes.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A assombração P-107


 Era surreal ouvir aquilo, então o castelo era assombrado por um fantasma de uma fandan da família real de Esmirna?

- Milo, está falando sério? - perguntou Bah.

- Sim, estou. Cresci ouvindo estas estórias de assombração. Eu sempre tive receio desta ilha e deste castelo. Hoje, aqui e agora, não parece assim tão ruim...

- De fato - disse Frei - aqui é tranquilo, as vezes tranquilo até demais. Mas agora entendo os humanos que vivem aqui na ilha e que por nada no mundo entram neste castelo. Eles devem saber das mesmas estórias assombradas.

O grupo ficou muito tempo explorando cada cantinho do castelo que era bem maior do que parecia antes. A vista da ilha era linda de qualquer ponto do lugar, era possível perceber quem estava chegando ou indo embora. Com uma boa vigilância aquele lugar era seguro pra ficar por um bom tempo.

- Que tal passarmos a noite aqui? - sugeriu Milo.

- Pelos deuses, eu preferia que fosse em qualquer outro lugar - disse Milka.

- Eu acho uma ótima idéia - disse Bah - Vamos Milka, estou lhe desconhecendo, por onde anda minha tataravó corajosa?

Começou a chover e ventar bastante, então Milka não tinha o que argumentar pra sair dali. Eles voltaram para o grande salão onde estava o retrato e limparam a mesa pra fazer a ultima refeição do dia. 

- Temos que agradecer ao seu tio, senhor príncipe, por ter recuperado tão bem este salão. - disse um dos guardas.

- Mas acho que ele estaria radiante se estivesse aqui nesta mesa e todos vocês ao redor dele, e claro, com o senhor, meu príncipe, sentado no seu lado direito. - disse o capitão do barco.

Milo fez que sim com a cabeça, mas nada disse. Ele tinha a sensação forte e certa que a situação com o pai tinha que mudar, ele estava com pena de Dario agora, tinha que dar uma chance pra ele.

A noite chegou e todas as precauções foram tomadas, o círculo mágico foi traçado ao redor de todo o salão, eles afastaram a mesa e se deitaram todos juntos no meio do salão. O mesmo sistema de vigilância da primeira noite na ilha foi iniciado. As horas foram se arrastando devagar, Bah caiu logo no sono e Milka se pegou olhando pra cada canto escuro do salão. Acabou cochilando, mas acordou logo depois ouvindo algo estranho: parecia algo arrastando no chão. Abriu os olhos e viu Milo de pé em frente a porta principal do salão, seu companheiro de vigia parecia paralisado ao seu lado. Bah acordou e Milka apontou para os dois fandans parados olhando para alguma coisa que elas não conseguiam ver. Neste momento Milo se afastou um pouco para o lado direito e elas viram: uma fandan adulta de cabelos pretos e de corpo quase transparente estava parada ali, olhava para todos no salão mas sempre voltava a olhar pra Milo, seus olhos pareciam duas chamas na quase escuridão.

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