Preparativos pra o fim do ano P-162

O tempo passa rápido como um rio e o inverno está chegando...

O fim do ano se aproximava rapidamente em Solemar. Todos os fandans já aprontavam decorações, roupas... e já pensavam nos ingredientes das receitas para a grande festa de passagem do ano. Era a maior festa que os fandans realizavam na ilha, todos participavam. Marta tinha pensado em chamar Milo, Bah, Hayden e Thales para sua casa, mas com a chegada de Mara e toda a situação criada entre ela e Alana, ficou sem saber o que fazer. Alana pediu para a mãe que não chamasse Mara, era compreensível que ela não quisesse a prima por perto. Acabou pedindo ajuda a Bah, que já convicta em ajudar Alana, entrou logo em ação e contou tudo a Milo.

- Você quer que eu resolva isso? - disse ele se levantando do birô onde estava sentado assinando documentos. - Não posso pedir pra Mara não ir na casa da tia, nem tão pouco deixá-la sozinha no dia da festa! 

A porta entreaberta se abriu totalmente e Thales entrou na sala. Bah e Milo olharam pra ele surpresos:

- Desculpe, estava passando no corredor, não pude deixar de ouvir. Eu fico com Mara aqui no castelo, vocês podem ir pra casa da tia Marta. - Milo ia falar alguma coisa, mas Thales levantou a mão - Escute, primo... eu e Mara somos fandans não muito confiáveis, não somos assim... realmente bem-vindos na casa dos fandans. Acho que ficaremos bem juntos, já tínhamos decidido isso antes.

Não era a solução que Bah queria, mas ela nada pôde fazer. Aquela altura estava ficando claro que Thales estava escolhendo Mara como namorada, ele parecia se sentir mais a vontade com ela do que com Alana. Pobre Alana, será que ela já tinha percebido isso?

Milo encontrou o pai em frente ao espelho:

- Foi um bom ano - disse Dario - apesar dos problemas. O comércio na ilha negra foi melhor do que eu esperava. 

- E Margot?

Dario deu seu sorriso irônico já bem conhecido de Milo.

- Ela está isolada naquela casa, faz tempo que não vê seus amiguinhos do mal.Troquei toda a guarda e os criados também, estou de olho em todos. Me disseram que ela tem acessos de cólera contra mim e está cheia de planos mirabolantes pra me tirar do poder. - ele deu uma risada - Só quero ver ela tentar!

🌲🌼🌲

PS: Esse blog e essa estória retornam dia 11/01/2024.

Boas Festas! 

Uma ajuda preciosa para Alana P-161

E foi assim que Thales se reintegrou a comunidade de Esmirna. A maioria dos fandans acreditava que se ele realmente quisesse mudaria de vida, todos iriam incentivar e ajudar mas ele realmente precisava querer. Thales recebeu uma casa perto da casa de Hayden que prometeu a Milo ficar de olhos grudados nele, além de Hayden havia outros "olheiros" de olhos bem abertos por toda Esmirna. Aquilo lembrou a todos o caso dos tiriosh que foram transformados em fandans outra vez por magia e também se reintegraram a comunidade. Todos foram bem sucedidos a não ser um deles que foi embora pra Cidade Murada.

Neste meio tempo, Alana se encontrou com Mara no palácio, fazia dias que ela evitava se encontrar com a prima pois sabia que não seria nada agradável. Quando viu Mara se sentiu mal, pois lembrou da época que vivia ali e foi manipulada pela Rainha Melina com Mara ao lado da mãe e não do dela... e ela acreditava que as duas eram melhores amigas. Houve um abraço frio e um sorriso constrangido de cada lado. Mara tomou a iniciativa pra falar:

- Alana,  não nascemos pra ser amigas... não dar! Acho que devemos deixar Thales escolher entre nós duas e quem perder... deve aceitar! 

- Você vai aceitar? - Alana duvidava - Não, não vai! E ainda vai jogar sujo!

- Escute aqui - Mara apontava o dedo pra prima e começou a gritar - Eu vou lutar pra ficar com ele sim! Nunca me apaixonei na vida e não quero perder o Thales!

Athina ia passando por perto e resolveu intervir:

- Meninas... - disse ela ficando no meio das duas - calma! 

Mara com o rosto transtornado foi embora dali e Alana caiu no choro. Athina a abraçou e tentou consolar da melhor maneira possível. No outro dia contou a Bah o que tinha presenciado:

- Eu acho que Alana tem razão, Mara vai fazer de tudo pra ficar com Thales. - Os olhos de Bah brilharam - Nunca fui muito próxima de Alana e muito menos de Mara, que nunca gostou de mim. Mas se for pra escolher entre as duas, eu fico com Alana. 

- O que você vai fazer? - Athina levantou as sombrancelhas.

- Vou ajudar Alana a ficar com Thales!

😦😦😦

Uma nova chance para Thales P-160

Dois dias depois, Mara desembarcava no porto de Solemar. Pouco tempo depois voltou a ocupar seu quarto no palácio de Esmirna. Milo a encontrou bem disposta e corada se arrumando para visitar Thales na prisão.

- O que a mãe achou de tudo isso? - Milo nunca tinha visto a irmã assim.

- Ela me incentivou, você sabe que ela quer que eu case, acha que já passei da idade.

- Com Thales? Há fandans interessados em você melhores que ele.

- Você também? O pai - disse ela se referindo a Hayden - me deu um sermão assim que cheguei. Olhe aqui - disse ela encarando o irmão - quem escolhe meu marido sou eu e não abro mão disso. Milo, eu nunca me apaixonei por ninguém, essa é a primeira vez!

Milo, mesmo a contragosto, não disse mas nada. Antes que Mara o fizesse, ele mesmo desceu pra ver o primo. Thales parecia estar achando tudo aquilo muito engraçado, mas ao olhar para expressão de raiva de Milo, o sorriso morreu rapidamente.

- Você está se divertindo com toda esta situação, na verdade você não gosta nem de Mara nem de Alana. 

- Não sei se gosto delas ou não. Estou confuso. Elas são bem diferentes. Gosto da atenção e cuidado que elas me dão... Alana aqui e Mara na Cidade Murada. Eu conversava muito com sua irmã, eram boas conversas, daquelas que você se sente mais leve quando termina, fica com a autoestima elevada, se sente menos infeliz, enfim. Eu tive uma vida muito diferente da sua.

- Estou disposto a te dar uma chance, acho que você deveria mudar de vida, todos merecem uma segunda chance. 

- Eu aceito! 

- Só que vou ficar de olho em você, Thales. Não tente me enganar porque eu vou descobrir e aí não vou ter mais pena de você.

- Não quero sua piedade, quero sua confiança.

- Pois então lembre disso sempre: quando quebramos a confiança de alguém, não tem volta, nunca mais este alguém confiará em você de novo

👩👦👱

Comentários, fofocas e uma decisão. P-159

Bah, Vó Fah e Milka estavam na casinha da floresta comentando os últimos acontecimentos. Syl estava em polvorosa pois não era todo dia que tinha uma fofoca real pra comentar e espalhar. Ela se sentava e levantava a todo momento sempre que lembrava de um detalhe a mais na fofoca, que ela acrescentava a conversa.

- Bem, parece que finalmente a princesa Mara se apaixonou por alguém! - disse Milka. Ela estava passando uns dias na casinha da floresta porque Frei tinha ido a ilha negra pra ajudar na plantação de hortaliças.

- Thales está fazendo milagres. - disse vó Fah.

- Que nada! Mara é que é muito exigente. Ela tem vários admiradores em Esmirna, mas nunca deu a menor chance pra eles. - pela expressão de Syl ela reprovava muito aquele comportamento.

- Mas e agora? Com Alana também apaixonada por ele? Quando foi que ela terminou com o namorado? - Bah lembrava que ela estava namorando firme um fandan de Esmirna.

- Faz pouco tempo, minhas fontes não sabem precisar a data exata. Poucos dias eu acho.

- Sei. - Bah suspirou, sua expressão não era nada boa - Pra mim, se ela se apaixonou por um fandan tão parecido com Milo, é porque nunca superou ele. Ela tinha verdadeira adoração por Milo, acho que pra ela o sonho se renovou.

As outras fandans concordaram e Vó Fah acrescentou:

- Só que Thales não é Milo, as personalidades dos dois são muito diferentes.

- Thales tem muito da Margot, mas acho que nem ele quer admitir isso. - disse Milka.

A conversa se estendeu pela noite adentro regada a vinho e petiscos. Enquanto isso na Cidade Murada Mara estava chorando de novo. Tinha acabado de saber sobre Alana e Thales. Reconhecia que estava em desvantagem, Alana estava com ele, visitava Thales todos os dias.

- Milo, eles estão namorando? - O espelho estava embaçado, Mara não parava quieta em frente a ele.

- Acho que se não estão, falta pouco. Me disseram que Thales está interessado nela. Mas escute aqui, eu não vou ficar lhe passando informações a toda hora sobre isso, tenho mas o que fazer. Se você realmente gosta dele, venha pra cá e lute por ele.

- Pois você me aguarde, eu vou voltar pra Esmirna!

🌜🌟🌛

Apaixonadas P-158

Milo ficou um momento sem saber o que dizer, mas logo recobrou sua presença de espírito:

- Como assim está apaixonada por Thales? Você o conhecia?

- Não me lembro dele em Esmirna. Quando estive na Cidade Murada pela primeira vez e Margot ainda morava aqui, ele costumava frequentar o palácio. Mas era muito esquivo e olhava pra mim com desconfiança. Senti atração imediata por ele, talvez porque vocês são muito parecidos fisicamente. Aos poucos consegui me aproximar, a gente conversava bastante, acho que dava pra perceber que eu estava apavorada com a idéia do casamento com o capitão humano, que claro partiu de Margot. Quando você veio me buscar no barco, ele me ajudou a fugir. 

Mara fez uma pausa e suspirou.

- Quando estava em Esmirna, um dos motivos que me fez querer voltar pra Cidade Murada foi justamente por causa dele. Queria encontrá-lo de novo. E agora estamos separados outra vez. Como ele está?

- Está se recuperando bem. Mas não sei o que farei. Pensei em ajudá-lo mas não dar pra confiar nele.

- Milo, dê uma chance. Ninguém nunca fez isso. Aliás, a tia Marta foi a única que realmente tentou quando ele era criança, nossa mãe era quase indiferente. Eu tenho pra mim que ele tem salvação. Só é revoltado com a mãe que tem. - Mara abraçou a si mesma - Pelos deuses, queria está em Esmirna agora!

Depois que se despediu da irmã, Milo ficou pensando em tudo aquilo. Mas o sorriso de deboche de Thales sempre que o via lhe dava uma grande irritação. Na tarde daquele dia ele recebeu duas visitas, duas fandans que não via há algum tempo: a tia Marta e a prima, que também era sua ex-noiva, Alana. Depois dos cumprimentos e abraços, Marta disse:

- Sobrinho, peço desculpas pelo sumiço, estivemos muito atarefadas. Precisamos marcar outro almoço juntos. Mas estou preocupada com o Thales, quero ajudá-lo outra vez. Ele precisa de nós.

- Podemos vê-lo? - disse Alana.

- Não tenho nada contra. - disse Milo.

As duas acompanharam Milo e os guardas até a prisão. Thales reconheceu a tia no momento que a viu, chegou a sorrir e aceitou um abraço. Alana ficou parada na porta, boquiaberta e enlevada, olhando pra ele. Tirou um papel do bolso e mostrou um desenho muito bem feito do rosto de um fandan, que tanto podia ser Milo quanto Thales. Milo não conseguia acreditar: Alana também estava apaixonada por Thales!

😍😍

PS: Fiz algumas modificações no blog. O novo plano de fundo representa o céu e as constelações de estrelas, que os fandans sempre observam.

Emoções P-157

Thales agora estava desacordado, isso sempre acontecia depois que a magia da verdade fazia efeito. Olhando para o primo, Milo teve uma vontade sincera de ajudá-lo. Ele subiu para sua sala quando lhe avisaram que sua mãe estava no espelho esperando para uma conversa.

- A senhora sabia sobre Thales, tenho certeza. Porque nunca me contou?

- Não falávamos sobre ele, Margot queria esquecer sua existência, ela passou a odiar o pai dele também. Em segredo, eu e Marta ajudávamos a Senhora que o criou. Marta o levou para sua casa várias vezes, ele conhece os primos, mas acho que só Alana lembra dele. Quando ele entrou na adolescência soube de toda a verdade e a partir daí nunca mais foi o mesmo, ficou muito rebelde e fazia tudo ao contrário do que é certo. Tanto aprontou que foi expulso de Esmirna. 

- E quando ele se aproximou da Margot?

- Isso foi há 2 anos. Margot tem uns aliados bem interessantes, se é que você me entende. Ela juntou fandans e humanos de péssima índole ao seu redor. A grande maioria é de humanos. Thales estava no meio deles. Ele se disfarçou muito bem usando magia, ela não sabe quem ele é de verdade. Nunca soube. Mas é bom que você saiba, ele é muito bom em diversos tipos de magia e pode ser perigoso.

Esse foi o dia das conversas pelo espelho, pouco tempo depois Milo estava falando com o pai. A conversa com Thales foi passada para ele como prova.

- Acho que agora não há dúvida que Margot mandou um dos seus aliados bater em Mara, ela é a mandante do crime. Thales não poderia mentir porque estava sob efeito da magia da verdade. O que você pretende fazer?

Dario tinha um sorriso estranho no rosto quando respondeu: - Margot que me aguarde! Estou só dando corda para ela se enforcar. Ainda há pouco tempo eu era suspeito... - Os olhos dele brilhavam - Eu e sua mãe vamos pensar em algo.

Milo sentiu um arrepio ao ouvir isso. Mas as emoções do dia ainda não tinham acabado, no final da tarde Mara entrou no espelho, estava com os olhos vermelhos de chorar:

- Você está chorando porque agora sabe o que Margot lhe fez?

- Não. Margot odeia meio mundo. Eu só achava que ela não teria coragem de fazer isso comigo, afinal ela está presa e as coisas vão piorar muito pra ela agora...

Milo conhecia a irmã o suficiente pra saber que ela estava escondendo alguma coisa:

- Então qual o motivo de suas lágrimas?

- O motivo está aí com você. Milo... estou apaixonada por Thales!

😯😯😯

Thales fala a verdade P-156

A revelação de Dario deixou a ilha de Solemar em polvorosa. Milo como filho da rainha Melina, filha mais velha do rei anterior, tinha direito ao trono de Esmirna, isso ninguém estava questionando. Thales não mudaria nada pois era filho de Margot, a irmã do meio. Esmirna voltara a ser um principado até Milo ter idade de ser rei.

 As fofocas sempre rolavam sobre o comportamento dos membros daquela família e agora mais precisamente sobre a vida amorosa deles. Os únicos considerados "normais" era Marta, a tia mais nova de Milo e Mara, que vivia uma vida pacata com seus 3 filhos, e o próprio Milo, o único que tinha juízo segundo os fofoqueiros de plantão, tinha também Mara que ainda era uma incógnita, nunca se soube se ela teve algum namorado ou paixão não revelada.

Milo tentava manter o foco no trabalho mas estava difícil. No outro dia vieram lhe avisar que Thales estava desperto na cela, tinha aceitado comida, um banho e roupas novas. Quando Milo entrou na cela, Athina ia junto, encontrou o primo sentado em um banco de madeira olhando para o nada. Quando Milo se postou na frente dele, levantou a vista e deu aquele sorriso irônico novamente:

- Oi primo! 

Milo devolveu o sorriso com outro de deboche enquanto Athina, sem perder tempo, lançou a magia da verdade, Thales ficou rígido e pálido. Milo iniciou as perguntas:

- Você vai me contar o que eu quero saber? 

- Claro, sem problema. 

- Você bateu com o bastão em Mara?

- Não bati em sua irmã, não tive coragem. 

Milo arregalou os olhos: - Suas digitais estavam no bastão. Como não foi você?

- O bastão era meu, tinha que ter minhas digitais. Quem bateu nela usou luvas. Inclusive muitos estavam usando luvas naquele dia, estava frio.

- Quem bateu nela?

- Não sei. Algum aliado de Margot que faz serviço sujo pra ela. Ela me mandou bater em Mara, eu me recusei, joguei o bastão no chão e fui embora.

- Por que você veio pra cá?

- Vim pra cá porque estou fugindo, não é óbvio? Eu planejava me esconder usando magia na floresta onde me encontraram, mas não fui rápido o suficiente pois estava cansado, gastei muita energia para furar seu cinturão mágico e passar com o barco no mar. 

- Se não bateu em Mara por que está fugindo? 

- Porque todos estavam dizendo que fui eu que fiz isso, Margot está acobertando o verdadeiro culpado. Sofri ameaças.

Athina entrou na conversa: - Que mãe terrível você tem!

Thales encarou Athina, era visível a tristeza em seu semblante: - Não senhora, ela não é minha mãe, ela só me pariu.

😔😔💔

O passado que volta P-155

Por um minuto inteiro Milo e Thales se encararam. O silêncio era total na sala. Thales parou de sorrir e ficou muito sério, agora estava de joelhos em frente a Milo que finalmente encontrou as palavras. A rainha Lara e todos que estavam ali se encontravam em total espanto ao constatar como os dois eram parecidos. Ele agarrou a camisa de Thales e puxou o mesmo pra cima:

- O que você quer aqui? Quem é você afinal?

Thales não respondeu e com um movimento rápido, usando dois dedos da mão direita, produziu magia contra si mesmo e caiu ao chão desacordado. Houve um rebuliço rápido na sala, mas Milo acalmou todos, se abaixou e verificou os sinais vitais de Thales, ele realmente estava desacordado. Levaram o prisioneiro para a masmorra do castelo onde ficaria sob vigilância permanente.

Quando tudo se acalmou, embora os comentários e fofocas ainda se multiplicassem, Milo chamou o pai no espelho e contou a novidade, terminou com uma pergunta que não queria calar:

- Por que Thales é tão parecido comigo?

Dario, que estivera todo o tempo aparentemente calmo, ficou agitado com a pergunta. Mas respondeu:

- Acho que não tem mais como esconder isso de você. Ele é seu primo. Filho de Margot.

Milo demorou pra assimilar aquilo.

- O que? Margot não é estéril?

- Agora é. O problema aconteceu no parto de Thales, foi um parto difícil, ela sofreu muito e rejeitou o filho depois. Thales foi criado por uma fandan idosa de Esmirna que já morreu.

- E quem é o pai dele? Você?

- Não! - Dario achou aquilo engraçado - Eu cometi muitos erros quando morava aí e o maior deles foi bater em um fandan, foi por isso que me expulsaram da ilha. Então...esse fandan era o pai de Thales.

- Você estava com a Margot na época, mas de olho em minha mãe.

- Na verdade sua mãe estava de olho em mim enquanto Margot estava namorando este fandan clandestinamente. Sim, ela me traiu. Quando eu soube da gravidez e que o bebê não era meu, perdi a cabeça e bati no namorado dela, quase o matei.

★🌜★

Thales é encontrado P-154

Thales.

Aqui cabe uma explicação: desde o tempo em que os tiriosh apareceram na ilha sem serem convidados e surgiu um clima de ameaça e até uma possível guerra entre eles e os fandans, desde este tempo a ilha de Solemar era protegida por magia, só entrava no cinturão mágico ao redor da ilha barcos amigos, ou seja, fandans que moravam ali na cidade de Solemar e em Esmirna. O que Milo e seus companheiros queriam entender era como o barco da Cidade Murada conseguiu ultrapassar o cinturão mágico e estava ali numa praia de Esmirna. A única explicação seria que Thales aprendeu magia de alta complexidade para conseguir furar um bloqueio mágico daquele tamanho.

Mas naquele momento, eles precisavam encontrar Thales e prendê-lo. Soldados, guardas e policiais foram chamados para procurar o fandan foragido; enquanto eles não chegavam, Milo e seus marinheiros permaneceram no mar vigiando o barco estranho. Quando a busca começou e um alerta foi emitido para que todos os fandans se protegessem, Milo foi até a praia para ver o barco de perto. Dentro dele só encontrou uma manta marrom muito amarrotada.

As horas passavam e ele voltou ao palácio para resolver outras coisas. A rainha Lara esperava aparentemente calma:

- O que esse Thales quer? - disse ela assim que Milo entrou na sala do palácio - Ele acha mesmo que pode se esconder aqui?

- Eu só quero colocar as mãos nele e fazê-lo falar. 

Dois conselheiros entraram na sala:

- Príncipe, todos os fandans estão bem, nenhum incidente, ninguém viu Thales. Possivelmente ele não está aqui há muito tempo e deve estar naquela praia ainda - se viraram pra rainha Lara - Soubemos que em Solemar está tudo sob controle também..

 Mas menos de uma hora depois as coisas mudaram. De sua janela Milo viu os soldados, guardas e policiais chegarem lá embaixo com um prisioneiro. Logo estavam em sua porta pedindo autorização para entrar. O prisioneiro estava amarrado com as mãos para trás e seu capuz cobria todo o rosto. O chefe da guarda baixou o capuz e Milo encarou um fandan moreno, com algumas cicatrizes, um olhar feroz e um sorriso irônico no rosto. Aquele sorriso era idêntico ao de Margot. E pior, Thales era muito parecido com ele mesmo.

😮😮

O Barco P-153

Na terça-feira, Milo recebeu outra comunicação do pai pelos espelhos, ele estava na ilha negra, era um final de tarde quente e o vento finalmente tinha diminuído:

- Milo, tenho novidades. Vim pra cá ontem,logo que cheguei um dos marinheiros do porto veio me contar que acharam um barco estranho no outro lado da ilha. Eles monitoram tudo por aqui porque há mercadorias caras que podem ser roubadas e o movimento de barcos no porto é grande. Eles trouxeram o barco para o porto e ficaram de olhos bem abertos para ver quem era o dono do barco. Se passaram dois dias e nada, mas neste meio tempo alguns moradores relataram que desapareceu comida, água e até roupa de suas casas. Na noite do segundo dia o barco sumiu do porto e pela descrição que fizeram, eu reconheci como um barco nosso, é um barco da Cidade Murada.

- Você está me dizendo que acha que era Thales neste barco?

- Exatamente. Eu te disse que achava que ele tinha fugido a mando de Margot. A coincidência é que um dos meus marinheiros acha que viu este barco quando estávamos vindo para cá, ele achou estranho um dos nossos barcos está no mar numa rota diferente, estava se afastando da ilha indo para o norte, ele viu que tinha apenas um fandan visível dentro do barco, mas não o reconheceu porque ele estava de capuz. Mandei os marinheiros para o mar atrás dele, como o barco é pequeno ele não pode ter ido muito longe.

Eles se despediram. A Milo só restava esperar por mais notícias do pai, pelo menos era o que ele pensava. Contou a todos a novidade. Naquela noite chamou sua atenção uma frase que Bah falou na casinha da floresta:

- Já pensou se Thales resolve vir pra cá? 

Eles estavam relaxando na varanda antes de ir dormir , Bah falou aquilo quase como uma brincadeira e bateu na boca depois que falou, era comum os fandans fazerem isso torcendo para que aquilo realmente não acontecesse, porque era algo indesejado para todos.

As palavras de Bah acenderam sua intuição ao máximo e ele só sossegou quando saiu pra fazer a ronda em toda a costa de Esmirna. Já era a tarde do outro dia quando Milo e seus marinheiros contornaram uma pequena península na praia mais afastada de Esmirna. Antes de terminar o contorno Milo viu um barco parcialmente escondido entre as pedras, quando se aproximaram ele sentiu o coração falhar uma batida: era um barco da Cidade Murada!

😮😮

☆☆🌜☆☆

Tentando entender P-152

Dario continuou falando no espelho:

- Escute, eu sei que este desaparecimento de Thales é bem conveniente, alguém não quer que descubramos a verdade. Mas vamos deixar uma coisa bem clara: Thales não morava na cidade, como todos os aliados de Margot, ele morava perto dela, naquela mesma floresta que você passou quando esteve aqui. Pra mim está bastante claro que Margot mandou ele sumir para que ele não fosse submetido a magia da verdade e acabasse revelando que foi ela que aprontou tudo isso com Mara. Ele não está em casa e não frequenta mais os lugares que costumava frequentar há mais de uma semana.

Encerrada a conversa com o pai, Milo ficou pensativo e irritado. Mas o que podia fazer? No outro dia, um sábado, ele almoçava com Bah, Hayden e Athina na casinha da floresta. Syl entrava e saía da casa trazendo bebidas para acompanhar a refeição e Erik brincava com o filho na varanda.

- Escutem o que eu acho - disse Bah - Tudo isso é muito estranho. Se foi mesmo a Margot, o que ela ganharia atacando Mara? Qual o objetivo disso tudo? E outra coisa, Mara não gostava de crianças e agora está cheia de ternura com o pequeno irmão? Milo, ela nunca pegou nosso filho no colo, lembra disso?

- Acho que eu posso explicar isso - Milo ficou um pouco constrangido mas continuou - Ela não gosta de nosso filho porque não gosta de você, Bah. Se eu tivesse tido um filho com outra fandan acho que as coisas seriam diferentes.

"Desde o início Mara nunca gostou de mim" - Bah lembrou que Mara tinha sido extremamente rude com ela no passado e continuava no presente.

- Vocês não acham que Margot poderia está fazendo isso porque brigou com Melina e está em guerra com Dario? - disse Hayden - Ela não tem acesso aos dois mas enxergou uma oportunidade de atacá-los por meio de Mara que ficou vulnerável no portal com a tempestade. Não seria a primeira vez que numa disputa entre dois adversários fortes um deles ataque a família ou aliados do outro.

- Isso é golpe baixo, mas conhecendo Margot, não me surpreende que o motivo seja esse.

- Príncipe - disse Athina - Acho que o melhor a fazer agora é esperar, afinal os culpados não estão conosco, Mara agora está segura e pelo jeito está feliz, então...

Milo balançou a cabeça afirmativamente, não era o que ele queria, mas realmente não podia fazer mais nada.

👑👑👑

Desaparecido P-151

Decidir algo é uma coisa, mas colocar em prática o que foi decidido é outra coisa bem diferente. Milo descobriu que interrogar Thales ia ser difícil porque isso envolvia os embaixadores de cada reino e o conselho de Esmirna. Não dava pra continuar agindo sem comunicar nada pra ninguém e usando sua capa de invisibilidade para passar despercebido, afinal a questão era grave. Ele chamou o pai e a mãe no espelho mágico e comunicou o que foi descoberto pela polícia de Esmirna conforme tinha combinado.

- Sei quem é Thales - disse Dario - É um dos aliados de sua tia Margot. 

- Sim, ele não entra aqui no palácio, está proibido. - disse a rainha Melina.

Milo explicou que queria interrogar Thales junto com eles, mas não poderia ir na Cidade Murada.

- Isso é simples de resolver - disse Dario - Vamos nos reunir em um lugar neutro junto com a polícia de cada reino, embaixadores, o suspeito e quem mais precisar está presente. Que tal a ilha negra? Você pode pedir pra Athina administrar a magia da verdade, já que confia nela, e fazer as perguntas que achar apropriado. Claro, vou fazer as minhas perguntas e Melina também.

Era uma excelente idéia. Antes de terminar a comunicação entre os espelhos, Mara apareceu diante dele com o irmão de poucos meses nos braços. O pequeno fandan, filho de Melina e Dario, estava sorridente e corado, Mara dava pequenos pulos brincando com ele. Ela mesma parecia bem melhor embora ainda estivesse com um curativo na cabeça:

Queria que você visse ele - disse ela - A mãe disse que parece com você quando tinha a mesma idade.

Milo não pode deixar de sorrir. A rainha Melina observava a cena por detrás de Mara e sorria também. Foi um momento bonito, mas Milo não podia esquecer que sua família tinha grandes problemas insolúveis.

Foi marcado o dia e a hora para que as comitivas dos dois reinos se encontrassem na ilha negra para interrogar Thales. Dois dias antes, no meio da manhã, Milo recebeu uma comunicação urgente da Cidade Murada. Se postou na frente do espelho e encarou o pai ofegante e com o rosto vermelho do outro lado:

- Milo, por enquanto o nosso encontro na ilha negra está cancelado.

- O que houve?

- Thales desapareceu!

(●__●)

Quatro investigadores P-150

Bah teve outra idéia antes dos três saírem da sala em direção ao pátio, era hora do café com bôlo, mas nem sempre Milo seguia este costume herdado de Solemar.

- Acho que devemos falar com Athina, ela pode ter alguma idéia sobre isso.

Athina, sempre sábia e com uma excelente memória, assim que soube do acontecido e das dúvidas de Hayden, Bah e Milo, pensou um pouco e disse:

- Certo... vocês lembram que Mara usou o túmulo de Ezra como portal antes dele ser destruído? Quem enterrou Ezra e aprendeu com ela alguns tipos de magia desconhecidas para nós? 

- Minha mãe e Margot. Sim, Mara estava conversando com a mãe pelo espelho e com certeza aprendeu algumas destas magias também. - disse Milo.

-Exato. Ela aprendeu a usar o túmulo como portal e pelo que andei pesquisando, este tipo de magia possue uma hora do dia que é mais forte e tem mais possibilidade de dar certo.

- A hora que encontramos Mara em cima do túmulo naquele dia. - disse Bah

- Isso! Então, se Mara sabia desta hora específica, a mãe e a Margot também sabiam.

Houve um silêncio de compreensão no grupo.

- Então a primeira pergunta está respondida, Margot sabia a hora exata. Resta saber por que ela bateu em Mara. - disse Hayden.

- Isso se foi realmente Margot ou Thales a mando dela. Thales pode ter agido porque Dario mandou, por exemplo. - disse Bah.

- Não acredito que foi Dario, a própria Mara praticamente descartou essa possibilidade. Acho que só há uma saída, interrogar Thales com a magia da verdade. - disse Milo.

- Sim, mas lembre-se que Thales está na Cidade Murada e só Dario pode fazer isso... e ele é suspeito. - disse Athina.

- Neste caso a mãe deve assumir esta tarefa, afinal ela é a rainha da Cidade Murada.

- Você sabe que não podemos confiar na sua mãe, mesmo ela sendo mãe de Mara, ela pode tentar proteger Dario. - disse Hayden.

Milo pensou um pouco e finalmente disse:

- Então não tem outro jeito, eu mesmo vou interrogar Thales!

(●__●)  (●__●)

Thales entra em cena P-149

Portal da floresta

Todos os que estavam na sala pararam de respirar no momento que o policial fez suspense pra dizer de quem era a segunda impressão digital encontrada no bastão:

- Foi difícil chegar a segunda conclusão, não porque a impressão estava ruim, mas porque nós tivemos que procurar bastante no nosso banco de dados, mas enfim achamos. O fandan não mora mais na ilha.

- De quem você está falando?

- De um fandan chamado Thales, ele foi expulso daqui no ano que Dario também foi e desde então mora na Cidade Murada.

Milo ficou decepcionado, achava que tinha sido Margot. E pela cara de Hayden e Bah eles sentiam a mesma coisa. 

- Se foi embora deve ter feito algo errado.

- Sim, ele era um exímio ladrão, rápido em furtar e rápido em fugir. Nós não temos contato com a polícia da Cidade Murada, como o senhor vai agir agora?

- Deixe comigo, vou entrar em contato com Dario.

Quando os policiais saíram, Milo disse:

- O que este tal de Thales tem a ver com Mara?

Bah estava pensativa mas os olhos brilharam quando ela disse:

- Talvez... Margot tenha pedido para Thales fazer isso por ela, se alguém descobrisse alguma coisa, ela ficaria resguardada.

- Sim, isso é realmente possível. - disse Hayden - Mas vocês já pensaram que pra isso Thales ou Margot teriam que saber exatamente o momento que Mara iria sair do portal? Teriam que ficar de prontidão com um bastão nas mãos só esperando ela sair? Como descobriram isso? 

- E por que fizeram isso, afinal? Por que bateram em Mara?

Era uma excelente raciocínio e eles precisavam de novas respostas para aquelas novas perguntas.

★★🌙★★

A polícia entrou em ação P -148

Artes mágicas para fandans policiais.

A polícia de Esmirna, como também a de Solemar, praticamente não tinha trabalho a fazer o ano inteiro, pois os fandans em sua grande maioria eram seres de boa índole, crimes praticamente não aconteciam em Solemar, já em Esmirna esporadicamente apareciam um ou dois, geralmente crimes considerados não graves, como furtos. Por isso, quando aconteceu uma morte na ilha, o caso de Lyam que matou um comparsa por causa de um plano pra roubar pedras preciosas das minas, foi um escândalo e uma comoção sem tamanho na ilha, aquilo era algo inaceitável e o assassino foi punido com rigor extremo.

Milo chamou os policiais para uma reunião com ele no castelo e explicou toda a situação: o aparente acidente de Mara e a prova que ele tinha coletado na floresta da Cidade Murada, terminou por contar a conversa que tivera com Margot. A tarefa dos policiais seria examinar o bastão pra ver se descobriam alguma impressão digital e confirmar se o sangue presente era de Mara. Quase tudo que os policiais faziam usava magia, era um tipo de magia bem específica para as situações que eles vivenciavam em seu trabalho.

Dois dias depois os resultados ficaram prontos. Milo estava em Solemar numa outra reunião com a rainha Lara, na constante cooperação que os dois reinos tinham um com o outro. Ele contou pra pouquíssimos fandans sobre sua aventura com a capa de invisibilidade, exatamente três: a rainha Lara, Bah e Hayden, o pai de Mara, que ele considerava como seu pai de coração. Hayden ficou extremamente preocupado com o que aconteceu com Mara e queria fazer alguma coisa pra ajudar a encontrar o culpado ou culpada.

Milo voltou correndo para o castelo de Esmirna para ouvir o que os policiais tinham a dizer. Entrou em sua sala junto com Hayden e Bah, os policiais já o esperavam solenemente em frente a escrivaninha.

- Senhor Príncipe - disse um deles fazendo a mesura habitual.

- Estou ansioso pra ouvir a que conclusões vocês chegaram.

- A primeira delas, o sangue presente no bastão de madeira é mesmo de sua irmã Mara.

- Sim, isso já era praticamente certo. Acharam alguma impressão digital?

- Sim. Duas. - O policial fez uma pausa dramática - Uma é sua, como o senhor achou o bastão isso é esperado também, a outra... 

❓❓❓❓

Pais e filho P-147

Passagem entre dois mundos.

Milo suspirou aliviado quando Margot sumiu do espelho, sentou numa cadeira em frente a janela da sala e após se servir de uma café fresquinho que tinham acabado de colocar em cima da mesa, passou a perna e contou tudo a Bah:

- Margot sabe que você pegou o bastão. Você precisa fazer uma denúncia contra ela. Eu e sua irmã não nos damos bem, mas ela foi atacada covardemente. - Bah resumiu o que Milo pensava.

- Eu fico me perguntando por que Margot fez isso. Não querer Mara na Cidade Murada não justifica ser tão violenta. Ela acha mesmo que ninguém iria investigar e descobrir tudo? Eu não tenho alternativa, terei que contar tudo a Dario.

- Milo, desculpe dizer isso, mas a mente de sua tia é perversa, ela não tem pena nem empatia pelas pessoas, ela deve achar que não fez nada demais.

Milo marcou uma hora para se encontrar com o pai e a mãe pelo espelho, sabia que teria que contar tudo para eles, inclusive que tinha ido na Cidade Murada com a capa de invisibilidade. Quando os dois ouviram isso dele ficaram sem ação:

- Você está me dizendo que veio aqui dessa maneira e não teve coragem de se mostrar para nós? - Dario tinha se levantado da cadeira onde estava. - Somos tão assustadores assim?

Milo ficou constrangido mas resolveu falar a verdade:

- Era a melhor alternativa que eu tinha, ficaria seguro. O conselho jamais me deixaria ir na Cidade Murada e sim, não confio em nenhum de vocês dois. 

Dario saiu da frente do espelho e a Rainha Melina disse:

- Dario não se conformará nunca com o fato de vocês dois não serem pai e filho de verdade. Você não confia em nós e por isso levou o bastão? Precisamos examiná-lo.

- Vou examiná-lo primeiro, não vamos destruir nenhuma prova contra Margot caso seja encontrada alguma coisa.

Dario voltou e encarou Milo:

- Vou torcer para que você encontre algo porque eu só preciso disso pra tomar uma medida enérgica contra Margot.

 Milo ficou se perguntando que medida enérgica seria esta.

👪💔

Uma conversa difícil P-146

Aquele sorriso gelou o sangue de Milo. Margot parecia a vontade do outro lado do espelho.

- Alô sobrinho. - A mente de Milo trabalhava rápido enquanto olhava impassível para a tia. Ele conseguia aparentar calma por fora em momentos que por dentro estava em polvorosa. Nunca tinha falado com Margot antes a não ser por cartas. 

- Sua namorada até que é bonitinha. - Bah fez uma careta e se afastou.

- A senhora tem um espelho em casa? - achou aquilo estranho, ela não estava presa em prisão domiciliar? 

- Ah sim! Consegui hoje... um aliado me trouxe este presente. - Ela olhou pra ele com desafio nos olhos - Não adianta correr e falar pra seu pai, o espelho só virá pra cá quando eu precisar, ou seja, se vierem procurar não vão achar.

- O que a senhora quer comigo? - Milo lembrou da carta que ela tinha mandado jurando que não tinha nada a ver com o acidente de Mara. Disfarçadamente olhou pra mesa onde tinha deixado a capa preta e por baixo dela o bastão que encontrou na floresta da Cidade Murada, ficou satisfeito: a capa disfarçava bem o bastão, de longe era difícil ver até a capa, imagine o bastão.

- Alguém viu um movimento estranho na floresta perto do portal na noite que passou - O coração de Milo pulou no peito. - Você sabe que aquele local é bem vigiado afinal fica perto de minha casa. O guarda comentou com outro bem embaixo de minha janela! Ele disse que via os galhos das árvores se moverem e algumas pegadas ficaram no chão, mas não viu ninguém.

" Ela sabe que alguém foi lá de forma invisível, sabe que esse alguém desconfia dela e deve ter ido ver se o bastão ainda estava lá onde ela escondeu... e não achou! " Milo pensava rápido, precisava revidar. Margot se aproximou mais do espelho, seus olhos estavam enormes e nada amistosos:

- Sobrinho, eu sei que você tem uma capa de invisibilidade. Melina uma vez me disse que lhe deu uma de presente de aniversário! 

- E se eu tiver? Não existe só uma capa de invisibilidade no nosso mundo, apesar de serem raras. Conheço mais duas, pelo menos. Mas porque está tão preocupada Margot? Parece que está com medo. Se você não deve nada, se não fez nada errado, não deveria está preocupada. Está me acusando de que mesmo? Que eu fui na floresta perto de sua casa bisbilhotar o que?

Margot fechou a cara e ficou sem palavras.

😯😳

O bastão é a prova? P-145

Neblina na floresta.

  Milo conversou um bom tempo com a irmã e terminou a conversa dizendo:

- Saiba que você tem em mim mais que um irmão, eu também sou seu amigo ou pelo menos tento ser.

Mara abraçou o irmão dizendo:

- Eu sei, obrigada. Mas, pelos deuses, volte agora pra Esmirna, não sabemos o que pode acontecer se descobrirem você aqui.

Milo recolocou a capa e saiu para o corredor vazio. Já do lado de fora do castelo, o céu começava a clarear e a neblina subia deixando toda a Cidade Murada coberta com seu manto branco. Era uma imagem bonita e ele se distraiu enquanto contemplava a cidade de cima. Ouviu passos subindo uma escada lateral... era Dario! Estava acompanhado por um de seus ministros.

- Nós precisamos resolver isso hoje - dizia ele - Não vou mais tolerar as artimanhas daquela mulher.

Milo ficou atento a conversa, como era bom está invisível!

- O que o senhor pretende fazer? 

- Vou levar Margot a um novo julgamento.

Nisso, a rainha Melina entra em cena:

- Dario, nós não temos provas contra ela! Só evidências o juiz não vai aceitar...

As três figuras se afastaram enquanto Milo pensava: "Eu tenho uma prova." Por um momento louco pensou em se revelar mas conteve-se. A mãe tinha razão, o bastão sujo de sangue só provava que alguém tinha batido em Mara, mas não provava que tinha sido Margot. Será que havia impressões digitais no bastão? Com essa nova idéia em mente, Milo correu de volta ao portal da floresta. Eram 5:30 da manhã quando ele entrou no castelo de Esmirna pela passagem secreta. Assim que entrou em sua sala encontrou Bah:

- Fiz como você pediu, não contei a ninguém sua aventura, mas estava preocupada. - disse ela cochichando no ouvido dele. Milo já ia falar o que tinha descoberto quando Bah fez sinal de silêncio pra ele apontando para o espelho. Milo caminhou pra frente do mesmo apreensivo e deu de cara com Margot exibindo um sorriso cínico.

😯😮

Margot ou Dario? P-144

Uma rua da Cidade Murada.

Mara ficou visivelmente alarmada com a visita de Milo, ela voltou para cama e se sentou, levando a mão ao ferimento na cabeça.

- Está doendo? - Milo perguntou.

- Não, as vezes lateja um pouco como agora... estou tomando analgésico. O problema maior é a tontura.

- Fale o que aconteceu.

Mara deu um sorriso amarelo: - Mas eu não sei! Entrei no portal em Esmirna e fiquei rodopiando por causa da tempestade até que bati a cabeça e apaguei, mal me lembro da pancada em si! - Ela olhou para o irmão e ao ver que ele não estava acreditando continuou: - É verdade! O que você está achando? Que alguém bateu em mim?

- Nós sabemos que é possível alguém ter batido em você, não dentro do portal, mas na saída. Há uma mancha na lateral do portal.

- Isso não confirma nada, eu posso ter batido a cabeça na saída do portal!

- Sim, poderia. É o que parecia ter acontecido. Mas eu vim aqui disposto a tirar minhas dúvidas, por isso procurei até achar a resposta.

Mara arregalou os olhos interrogativamente.

- Encontrei um bastão de madeira sujo de sangue escondido na floresta, não muito distante do portal. Alguém bateu em você e tentou esconder o bastão, estava muito bem escondido em um tronco de uma árvore seca, só achei porque usei magia. Você consegue pensar em alguém que poderia ter feito isso com você? Seria alguém que não quer você aqui na Cidade Murada.

- Margot. - Mara não titubeou na resposta.

- E Dario?

- Dario não gosta muito de mim porque acha que eu influencio nossa mãe. Mas é justamente o contrário, ela é quem me influencia. Ele não chegaria a tal ponto comigo, ele pode ser violento, mas só em situações extremas, o que não é o caso. Mas a Margot... você não a conhece como eu... ela é fria, não tem coração. Eu a vi batendo num soldado humano uma vez... foi chocante.

😧😧

A aventura de Milo P-143

Bah entrou na sala de Milo cerca de uma hora após o mesmo atravessar o portal e logo viu o bilhete. Ele dizia que precisava resolver algo muito importante e por isso iria se ausentar do palácio de Esmirna por algumas horas:

"... Por favor não se preocupem, estarei bem, ninguém pode fazer nada contra alguém que está invisível."

Mas Bah ficou imediatamente preocupada. Ela sabia, sim tinha certeza, para onde Milo tinha ido e qual era o problema tão importante: Mara! E naquele momento Milo já estava na Cidade Murada. Realmente está invisível era uma grande vantagem, pois ele conseguiu passar pela porta principal da cidade que era muito bem guardada, andou pela cidade toda sem ser incomodado, claro, tinha todo o cuidado pra não esbarrar em ninguém e muito menos fazer algum barulho... e pensava: "Só assim viria aqui." Ele tinha vindo de Esmirna justamente pelo portal da floresta onde Mara tinha sido encontrada e constatou que ainda havia uma mancha escura em um lado do portal, embora ele tenha sido aparentemente limpo. Agora estava prestes a entrar no palácio, eram 3 horas da manhã. "Preciso aproveitar as horas mais tranquilas da madrugada."

A porta principal do palácio estava trancada além de muito bem vigiada, então Milo se esgueirou subindo um muro e entrou por uma janela lateral que estava aberta. Aquilo era estranho, ele se sentia como um criminoso fazendo aquilo, um ladrão que entrava sorrateiramente numa casa no meio da noite. Mas era o jeito! E sim, aquilo era excitante também. Ele tinha conseguido a planta do palácio, mas não foi exatamente fácil achar o quarto que queria. O segundo andar do prédio era só de quartos e o silêncio imperava por ali. Ele parou em um canto e ficou observando. Uma criada saiu de um quarto no final do corredor, carregando alguns materiais de fazer curativos. "Achei!" 

Milo não perdeu tempo, rapidamente chegou a porta do quarto e abriu, a porta deu um rangido com o movimento e ele ouviu alguém falar:

- Quem está aí? - Mara olhava para a porta sem entender nada. Levantou com dificuldade da cama,  oscilou um pouco até se aprumar e caminhou até a porta.

Milo retirou a capa e Mara fez um gesto de assombro. Ele trancou a porta e pediu silêncio.

- Agora você vai me contar, baixinho, tudo que aconteceu com você desde o dia que saiu de Esmirna.

😲💙

PS: A descrição dos personagens principais foi atualizada e o tipo de letra do texto mudada.✅

Milo toma uma decisão P -142

Os dias passaram rapidamente. Milo se envolveu com outros problemas no governo de Esmirna, mas quando parava pra descansar, sua mente sempre voltava para irmã Mara. Numa quarta-feira fria, recebeu outra carta de Margot:

...Lhe asseguro que não tenho nada a ver com o acidente de Mara, foi coincidência ela ter vindo parar no portal perto da minha casa. Eu não tenho nenhuma vivência com você, mas conheço Mara o suficiente pra lhe dizer que não deveria se preocupar tanto com ela. Você sabe que ela não é tão inocente assim...

Margot tinha o péssimo hábito de jogar os fandans uns contra os outros. Com um suspiro, Milo jogou a carta em cima da escrivaninha. Neste mesmo dia ele finalmente conseguiu contato com a mãe na Cidade Murada. A rainha Melina parecia mais feliz e até sorriu:

- Milo, Mara acordou! A pancada na cabeça foi muito forte, ela tinha um coágulo de sangue no local do ferimento que a mantinha desacordada. Como ela sente muita dor de cabeça, foi medicada, se alimentou, tomou banho e agora está sentada na poltrona do quarto porque diz ter tontura.

- Que bom! É uma ótima notícia! Seria possível eu falar com ela? 

- Não! - a rainha Melina foi taxativa, quando viu a expressão de desagrado do filho tentou argumentar - Agora não dar! Mas prometo que em breve ela virá aqui pra sala do espelho.

Milo ficou pensativo por um tempo, aos poucos seu rosto tomou uma expressão no mínimo curiosa, os olhos cintilavam na meia-luz da sala. Rapidamente escreveu um bilhete que afixou em um lugar bem visível. No quarto abriu um baú secreto e de lá tirou uma capa negra que vestiu cuidadosamente, se postou em frente ao espelho e nada viu de si mesmo, com um sorriso largo e satisfeito, ajustou a espada na cintura e tomou o caminho da passagem secreta do castelo. Antes do relógio bater 12 horas, com a lua ainda subindo no céu, ele atravessou o portal do castelo de Esmirna e desapareceu.

🔷💙🔷

Desconfianças P -141

Uma coruja atravessando um portal na tempestade.

 Quando a rainha Melina acabou de falar, um silêncio absoluto caiu na sala do palácio de Esmirna, era possível ouvir um alfinete cair no chão. Bah sentiu um aperto no peito, aquilo era muito grave. Quem atacaria Mara daquela maneira? Milo se recuperou mais rápido:

- Mãe, explica isso direito. Como Mara se machucou deste jeito?

Mas a rainha Melina não conseguia mais falar, as lágrimas desciam de novo e ela saiu da frente do espelho. Após alguns minutos, onde era possível ouvir uma conversa ininteligível ao fundo, Dario voltou para frente do espelho:

- Sua mãe precisa se acalmar, foi para o quarto. Vou lhe contar o que descobrimos até agora. A pancada na cabeça de Mara parece ter sido feita durante a viagem pelos portais que pelo jeito foi bastante conturbada. Inicialmente ela foi encontrada na saída de um velho portal localizado no que resta da floresta da Cidade Murada. Pelo jeito, a tempestade a jogou para o portal errado. Havia sangue na lateral direita do portal, ela pode ter batido com a cabeça nesta lateral e caiu desacordada, ou já vinha desacordada e bateu de novo na saída do portal da floresta.

- E como ela foi parar na casa de Margot?

- Um aliado de sua tia a encontrou enquanto passeava na floresta com seus cachorros. Ele levou Mara pra casa de sua tia. Quando chegamos lá nos disseram que faziam apenas algumas horas que a tinham encontrado, mas desconfio que ela estava lá há mais tempo. Margot teve tempo de escrever pra você, ou seja, ela já pensou em tirar proveito da situação.

Neste momento um guarda entra no campo visual do espelho e fala algo no ouvido de Dario.

- Preciso ir! Vou lhe manter informado.

O silêncio voltou a cair na sala. A rainha Lara falou desta vez:

- Milo, você acredita nisso? Ou pensa que a pancada pode ter sido feita de outra maneira?

Milo pareceu surpreso com a pergunta da rainha:

- Não vejo porque fariam isso com Mara, acho que foi um acidente de percurso mesmo. Ninguém odeia Mara tanto assim, nem mesmo Margot.

- Sim, que Margot quer tirar proveito, isso está  bem claro, mas seu pai? Você disse que ele não gosta muito de Mara... E se ele estiver mentindo?

- Bem... acho que vamos ter que esperar pra ver, quem sabe conversar com Mara e perguntar pra ela o que houve? Não posso ficar desconfiando de Dario agora, preciso dar um voto de confiança a ele. Não vejo outra saída porque não irei à Cidade Murada, a não ser em último caso.

💥💥💥💥

Mara é encontrada P -140

A casa de Margot na Cidade Murada.

O relógio da sala de jantar do castelo de Esmirna bateu 12 vezes, enquanto almoça, Milo conversa com um dos seus conselheiros, um fandan bem idoso que fazia parte do conselho de Esmirna desde que os fandans tinham vindo morar na ilha de Solemar:

- Principe Milo - dizia ele - não acredite na sua tia Margot. Ela pode está mentindo, talvez a princesa Mara nem esteja lá com ela, ou se estiver talvez nem esteja sabendo dos planos da tia. O que Margot quer é voltar ao poder, mas ela encontrou um adversário à altura: o seu pai, e agora quer jogar você contra ele pra tirar vantagem disso. Política ruim, entende?

- Eu sei, entendo todas as implicações disso. Preciso saber se Mara realmente está com ela. Margot está praticamente isolada numa casa na Cidade Murada, acho que o jeito é entrar em contato com a mãe, afinal ela e Mara estavam conversando e fazendo planos pelos espelhos.

E assim foi feito. Dali a meia hora Milo estava contatando a rainha Melina pelo espelho outra vez, todos estavam na sala com ele: Bah, Athina, a rainha Lara, os conselheiros e alguns guardas. Quando Milo falou sobre a carta de Margot, a rainha Melina deu um pulo na cadeira:

- O que? Como ela se atreve? - Seu rosto foi tomado pela fúria. Milo ouviu uma voz conhecida cujo dono entrou na frente do espelho:

- Margot está com Mara? Como ela conseguiu esta proeza? - Era Dario - Eu vou tirar isso a limpo agora!

A rainha Melina pareceu se recuperar do susto:

- Milo, nós vamos resolver isso. Aguarde notícias.

Depois de quase 5 horas o espelho se acendou outra vez:

- Milo, encontramos Mara! - Dario falava numa voz grave, Milo sabia que o pai estava tentando conter as emoções.

A rainha Melina ainda tinha um semblante de fúria mas os olhos estavam vermelhos de chorar:

- Ela estava num quarto da casa de Margot deitada numa cama totalmente desacordada, há uma pancada na cabeça com um aspecto bem feio. Mago Ron está tentando acordá-la mas sem sucesso até agora. 

😦👩

A carta P -139

Milo não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Nunca este tipo de coisa tinha acontecido antes, os portais eram seguros e usados desde tempos remotos pelos fandans, não se tinha notícias de erros grosseiros como aquele. Por isso, a personalidade naturalmente desconfiada de Milo enchia sua mente de supostos planos perversos criados por seus familiares afastados de seu convívio justamente por suas artimanhas maldosas.

- O que você está pensando? - Dario não desgrudava os olhos investigadores do filho. Milo se virou rápido, queria responder que desconfiava dele, mas achou que não seria muito inteligente admitir aquilo:

- Se você não se importa vou fazer minha própria investigação do que está acontecendo.

- Fique à vontade.

Milo chamou Athina até a ilha negra. Bah veio junto. Juntas elas trouxeram as colegas de ofício e vasculharam o castelo e a ilha inteira procurando por Mara, do jeito que tinham feito em Solemar e Esmirna. Athina também constatou que a maga da ilha negra não tinha mentido, ninguém usara o portal a não ser Milo e Dario. Bah chamou Milo até um canto da sala do castelo, anoitecia lá fora:

- Milo, temos certeza que Mara não está aqui e nem na nossa ilha. Mas não podemos ter certeza se ela não está na Cidade Murada...

- Exato. Se Dario a escondeu lá nunca vamos saber.

- O que ele tem contra ela?

- Não sei exatamente. Aparentemente não gosta muito dela. E a mãe anda abatida demais. Está acontecendo alguma coisa e preciso descobrir o que é.

Eles voltaram pra Solemar pelo portal. No outro dia quando Milo entrou na sua sala no castelo encontrou um envelope no chão perto do espelho, era uma carta escrita com uma letra perfeita e caprichada:

Milo

Mara está comigo na minha casa. Ela mesma me pediu que a escondesse debaixo de magia pesada porque Dario não aceita sua volta na Cidade Murada. Sua mãe não sabe de nada. Enviei esta carta com todas as precauções para que não fosse interceptada por ele. Seu pai está louco em sua mania de controlar tudo e todos, tudo tem que ser como ele quer. Se quiser ver sua irmã de novo terá que enfrenta-lo.

Sua tia Margot.

😦💣👸

O mistério continua P -138

A rainha Melina ficou alguns momentos sem palavras quando soube do desaparecimento da filha. Pensou um pouco e disse:

- Milo, acho que como existe muita eletricidade no ar devido ao vento e as tempestades, pode ter havido uma pane entre dois portais, principalmente no portal daqui, então Mara pode ter sido jogada para qualquer outro lugar que tenha um portal.

- Sim, acho que você tem razão. Vamos começar a procurar.

Os três reinos dos fandans iniciaram a busca que foi encerrada no dia seguinte sem sucesso: Mara não se encontrava na ilha de Solemar e Esmirna e muito menos na Cidade Murada.

- Aonde mais tem uma saída de portal? - Milo perguntou a Athina, mas quem respondeu foi Dario no espelho.

- Na ilha negra tem um, eu mesmo o coloquei lá pra acompanhar o comércio no porto, não compensa ir de barco pra ilha se o portal é bem mais rápido.

Milo e Dario combinaram de irem a ilha negra imediatamente. Quando Milo saiu de seu portal pisou no piso irregular de um salão do castelo ainda não reformado pelo pai. Como este ainda não tinha chegado, começou a andar por ali até chegar na grande varanda que tinha uma visão privilegiada do porto. De onde estava percebeu o grande movimento, havia pelo menos uns dez barcos atracados enquanto outros chegavam e saíam do porto. Ali o tempo estava bom, o sol brilhava e o vento era ameno. Mas o castelo estava vazio e silencioso.

- Acho que você deveria repensar aquela proposta de fazer comércio conosco. - Dario tinha chegado sorrateiramente e olhava para o filho com seus olhos prescrutadores de sempre. Milo ignorou a frase e disse:

- Já andei o castelo todo e não vi, nem senti, a presença de Mara.

- É, ela não está aqui.

Milo sentiu um aviso de perigo se acender dentro dele. Dario continuou:

- Acabei de falar com a maga local antes de vir pra cá. Ela ficou responsável de monitorar o portal e mora perto do porto lá embaixo. Ninguém usou o portal nos ultimos dias e ultimas horas, a não ser você e eu agora.

- Então... - a mente de Milo lhe mostrava várias possibilidades, dentre elas que o próprio Dario teria sumido com Mara. 

- Mara saiu do nosso mundo mágico, Milo. Ao meu ver ela pode estar em qualquer lugar fora daqui.

😦😦😦

Para onde foi Mara? P -137

Passado dois dias dos ultimos acontecimentos, Milo estava em sua sala no palácio de Esmirna em frente ao grande espelho que adornava a parede lateral. Lá fora o vento soprava forte entrando pelas frestas das janelas quase fechadas e produzindo um som parecido com um uivo, com um arrepio Milo lembrou do fantasma de Ezra que agora era coisa do passado. Os fandans de Esmirna e Solemar comemoraram muito mais uma vitória contra o mal que tentava tomar conta da sociedade dos fandans. Passada a comemoração, Milo se pegou preocupado com a irmã Mara, queria saber notícias dela. Por isso, acionou a comunicação com os espelhos por duas vezes mas não tivera sucesso, aquela era a terceira tentativa. Depois de alguns minutos a superfície do espelho se movimentou e Milo deu de cara com o pai, Dario.

- Milo? - disse ele numa voz sem entonação - O que há?

- Bom dia. Queria saber notícias de Mara.

- Mara? Não está aí com você?

- Está brincando comigo? Ela usou o portal do túmulo há dois dias. Claro que ela foi pra aí, estava se comunicando com a nossa mãe.

- Sua mãe não está aqui, foi passar uns dias na casa de uma amiga da corte. Tem alguns dias que não nos falamos, pode ser que Mara esteja com ela e eu não esteja sabendo.

- A comunicação está tão ruim assim?

- Sim, o vento está muito forte, está assim há pelo menos uma semana. Ontem choveu sem parar e tivemos muitos problemas na cidade. O bebê chorava o tempo todo, até que mago Ron usou uma magia calmante. Na casa que sua mãe está é mais protegido do vento e da chuva. - Dario hesitou, saiu do campo de visão de Milo por alguns minutos - Milo, o ar está cheio de vozes, murmúrios... não entendo que dizem...

- Vozes? Pelos deuses! Isso não é bom...

Dario confirmou com a cabeça.

- Vou lhe dar as coordenadas da casa que sua mãe está, lá tem um espelho muito bom.

Milo se despediu do pai e imediatamente entrou em contato com o outro espelho. Uma fandan conhecida de Milo surgiu e foi chamar a rainha Melina. Quando sua mãe apareceu Milo percebeu que ela parecia abatida, mais ainda que da ultima vez que a vira; quando a chamou de mãe achou esquisito, parecia que estava falando com outra fandan. E tudo ficou ainda mais estranho quando a rainha Melina respondeu:

- Mara? Não a vejo desde a ultima vez que falei com ela no espelho do palácio de Esmirna. Você entrou na sala e ela interrompeu a comunicação.

Milo sentiu um aperto no peito. Mara sumiu! Para onde teria ido?

😮😮😮

Post comemorativo!

 Prezados leitores deste cantinho azul: no dia 15 de maio deste ano o blog " De Outro Mundo " completou 3 anos! Estou feliz porque esta estória nasceu de minha imaginação e pelo jeito não vai terminar tão cedo!  As aventuras dos personagens neste outro mundo fictício sempre continuam, eles vencem desafios, enfrentam seus problemas e comemoram suas vitórias até novos problemas chegarem. Embora não sejam reais, têm muito de mim, afinal não existiriam se eu não tivesse força de vontade de levar esta estória adiante, semana após semana.

Agradeço por virem aqui, agradeço principalmente aqueles que tiram um tempinho para ler os posts, cada parte que publico a cada semana, obrigada! Sempre faço isso em cada blog que visito, leio e comento sobre o que li e entendi.

Vamos continuar a estória a próxima semana!

Beijos festivos! 💙😘

A destruição do túmulo P-136

Magia com as mãos.

Quando Mara sumiu pelo túmulo adentro um silêncio constrangedor tomou conta do grupo.

- Bem, acho que não tinha outra solução para Mara - disse a rainha Lara depois de alguns minutos.

- Exato - Milo suspirou - vamos voltar a nos concentrar no que viemos fazer aqui. O túmulo precisa ser destruído para que o portal de comunicação entre reinos também seja. Não queremos visitas indesejadas por aqui, certo?

- Enquanto estávamos aqui, não sei se notaram, a neblina aumentou e o frio também. - disse Bah.

Foi neste momento que o que restou de Ezra se levantou por trás do túmulo. Rapidamente todos tomaram seu lugares novamente. A floresta caiu numa escuridão tão grande que para um ser humano era impossível ver um palmo na frente do nariz, mas os fandans podiam ver no escuro. O espectro se aproximou e falou com sua voz cavernosa:

- O que? Vocês acham mesmo que podem me derrotar?

Ninguém respondeu mas a ação do grupo foi rápida: Athina e suas alunas atacaram Ezra com magia buscando imobiliza-la para impedir que ela revidasse, enquanto isso Bah pulou pra frente, desviando de Ezra, e segurando a espada com as duas mãos desferiu um golpe poderoso sobre o túmulo no lugar onde se sabia ser o portal, ao mesmo tempo que pronunciava as palavras mágicas que tornavam a espada ainda mais fatal. Era sabido que destruindo o túmulo também destruiriam o que restou de Ezra, pois era o túmulo que segurava o espectro na dimensão da ilha. Após o golpe de Bah, o túmulo se estilhaçou em muitos pedaços que voaram em todas as direções enquanto um som parecido com um trovão se fez ouvir. Ezra tentou se voltar para trás para atacar Bah, mas estava presa em pleno ar e com um grito gutural seu espectro se expandiu e depois se encolheu até desaparecer. Ezra sumiu ao mesmo tempo que os pedaços do túmulo caíam no chão e se quebravam em mais pedaços, a escuridão aos poucos foi desaparecendo ao mesmo tempo que o frio diminuía. A luz e o calor voltaram. Todos gritaram em comemoração: o túmulo, o portal e Ezra tinham sido destruidos!

😃💪😃

Mara usa o portal e vai embora P -135

Mara na floresta perto do túmulo.

Todos ficaram muito surpresos vendo Mara sentada em cima do túmulo. O primeiro a reagir foi Milo que se adiantou pra ficar de frente a irmã:

- Como você chegou aqui? Não lhe dei permissão pra sair do palácio.

Mara continuava a sorrir e parecia bem confiante:

- Eu aprendi uma magia muito útil com nossa mãe, nenhum guarda pode me segurar se não está me vendo.

- Então você saiu de cima do muro e escolheu um lado pra ficar. Aliás, acho que você só fingiu que estava tentando se regenerar esse tempo todo. - Bah olhava pra Mara sem demostrar nenhum medo dela.

Milo já tinha dado sinal aos guardas, que vieram com a comitiva, pra que levassem Mara, mas ela foi rápida e se esquivou deles enquanto levantava as mãos numa atitude bastante clara que iria usar magia contra eles.

- Não tenho nenhuma satisfação a dar pra você, Bah! E quanto a você irmãozinho, acho que não vamos mais nos ver! Sim, vou voltar pra cidade murada, sem a tia Margot no palácio, as coisas já melhoraram e muito. Ela é muito mais maldosa que nossa mãe e você sabe disso. Não serei mais obrigada a casar com o capitão, afinal ele já se casou com uma humana. Temos grandes planos eu e nossa mãe. E estou louca pra conhecer meu novo irmão que só tem 3 meses.

Dizendo isso Mara ficou em pé em cima do túmulo e juntou os braços acima da cabeça. Athina gritou:

- Ela vai usar o portal do túmulo!

Milo estava calmo e sem reação:

- Deixe ela ir! Ela já fez sua escolha e agora está por conta própria. Adeus Mara!

Mara ficou séria desta vez, olhou para o irmão quase com carinho:

- Desculpe, mas a vida é minha e como você bem disse eu já fiz minha escolha. Obrigada por tentar me ajudar, mas não posso continuar tentando viver aqui porque aqui não é meu lugar.

E dizendo isso completou a magia e sua figura esbelta desapareceu túmulo adentro. Mara tinha ido embora de Solemar para sempre.

👸👸👸👸