sábado, 26 de julho de 2025

Visita cordial P-230

O queixo da rainha Melina caiu ao ver a cena e ela ficou sem ação, Thales sorria e Mara correu para abraçar o irmão, fazia tempo que os dois não se viam pessoalmente. Thales também veio abraçar o primo enquanto dizia no seu ouvido:

- Que bom que deu tudo certo!

A rainha Melina se aproximou devagar e olhava para o filho com desconfiança:

- Qual a explicação desta sua visita cordial?

- Digamos que resolvi dar um basta nas animosidades. - Milo olhava diretamente para a mãe - Mas vou dizer de novo: não esqueci o que vocês já fizeram de errado, apenas estou dando uma nova chance para a gente se entender.

Estava claro que a rainha Melina estava resistente, mas ela não disse mais nada. Deu um abraço meio frio no filho e ficou observando tudo de longe. Já Dario estava radiante:

- Fique alguns dias conosco. Mande uma ave e avise a todos em Esmirna. Tenho muito que lhe mostrar aqui na cidade, podemos aprender muito um com o outro.

Milo achou que não era uma boa idéia ficar, era uma visita extraoficial e ele sabia que a notícia seria recebida com estranheza em Esmirna. Tinha deixado um bilhete mágico que só alguns fandans poderiam encontrar. Não era bom fazer as coisas daquela maneira, mas já que estava ali, poderia ficar pelo menos um dia. Poderia dizer que saiu um pouco para espairecer. E assim fez.

E a visita transcorreu maravilhosamente bem: conheceu o palácio e toda a cidade que tinha se recuperado muito bem do ataque dos piratas, a cidade estava mais vistosa e amistosa. Ele sabia que o pai era bom governante e a maioria dos fandans e humanos que moravam ali aprovavam seu governo. Se havia transações ilícitas não era possível saber. A comida foi um capítulo à parte, era bem diferente, os humanos comiam muita carne e a comida do palácio seguia este padrão. Milo fez uma careta ao ver os pratos e só comeu peixe. Ele pegou no colo a sobrinha Mia e até brincou com ela, mas estava curioso em ver seu irmão, aparentemente sua mãe não queria trazê-lo. Dario notou isso e logo depois apareceu com o pequeno Dereck. Milo olhou bem para ele, tinha os olhos iguais ao da rainha e era bem menos brincalhão que Mia. Mara insistia com ele e Thales para que ficassem mais tempo, mas ao cair da noite os dois se aprontaram para voltar.

- Vamos combinar outras visitas, certo? - disse ele ao pai. 

Quando os dois pisaram novamente no palácio de Esmirna saindo do portal, foram recebidos por parte do conselho, vários guardas e a rainha Lara, entre outros fandans, todos olhavam para eles com rostos ansiosos e pouco amistosos. 

(●__●)    ◉_◉

sábado, 19 de julho de 2025

Uma cena inacreditável P-229

Os três fandans ficaram olhando um para o outro. Dario era a desconfiança em pessoa, Thales parecia tranquilo e Milo, que estava no auge de sua aventura noturna, se sentindo ousado e corajoso, estava sorrindo torto de novo.

- Vim lhe fazer uma visita! - disse ele para o pai.

- O que deu em você? Andou bebendo demais? 

- Você sabe que nunca bebo demais.

- É claro, você é todo certinho.

- Você fala como se "ser certinho" fosse um defeito.

Dario suspirou: - Está bem.Vou perguntar de novo: o que vocês estão fazendo aqui?

- Eu vim acompanhar Milo e neste momento vou ver minha filha. - disse Thales. Ele olhou para Milo que o dispensou com um gesto. Era melhor falar com o pai sozinho. Thales desapareceu rapidamente corredor abaixo.

Dario abriu uma porta e fez um gesto para que o filho entrasse. Milo entrou numa sala grande e aconchegante e se sentou perto de uma grande porta envidraçada, a chuva estava forte agora e um vento frio soprava as cortinas. Dario fechou as duas portas mas não tirava os olhos de Milo, finalmente se sentou de frente para ele e foi logo dizendo:

- Comece a falar.

- Certo, vou direto ao ponto. Vim aqui lhe estender a mão, lhe dar uma chance. - Os olhos de Dario brilharam e se estreitaram ao ouvir isso, mas ele não interrompeu. - Talvez eu seja muito prudente, mas nunca me arrependi de ser assim, espero que não seja agora. A mãe me chamou para vir aqui no aniversário de Mara, eu recusei, depois fiquei pensando que poderia ter vindo. Isso não quer dizer que esqueci o que você e a mãe fizeram de errado, pelo contrário, estou dando outra chance apesar daquilo tudo...Veja só... estou lhe dando um voto de confiança, vim aqui sem guardas ao meu redor e sem capa de invisibilidade. Estou falando e olhando nos seus olhos, pedindo para gente começar de novo.

Dario sorriu de leve. Milo tinha esticado a mão em direção a ele. Ele segurou a mão do filho e a apertou. Sorriram um para o outro. Depois Dario puxou Milo e eles se abraçaram. E foi neste momento que Mara, Thales segurando a filha e a rainha Melina entraram na sala, nenhum deles conseguia acreditar no que estavam vendo.

sábado, 12 de julho de 2025

Aventura P-228

Um vitral no palácio de Dario.

Depois daquelas constatações, todos subiram a escada de volta a loja. Os degraus deslizavam para cima com a magia de Athina. Enquanto subia, Bah sentia vontade de abrir uma porta sozinha, pois não tinha tido esta oportunidade. O que será que veria? Mas agora, ela entendia isso, eles precisavam de mais informações sobre aquele lugar, e o diário do rei Eduardo seria a fonte. A rainha Lara subiu em sua carruagem, sentou com o diário no colo, acenou para todos e voltou ao palácio, sem antes prometer que voltariam em breve ao recinto das portas.

Dois dias depois a loja de Milka e Syl reabriu. O local mágico foi protegido com uma cerca isolante, o que não impediu que fandans curiosos ficassem por ali olhando e comentando. As duas fandans não podiam impedir, a curiosidade era grande, e por outro lado, era bom porque aumentava o movimento na loja.

No palácio de Esmirna já era quase noite, Milo olhava pela janela enquanto o céu mudava de cor.  A visão da porta que abrira não lhe saía do pensamento. Ele tinha conversado longamente com Thales sobre a Cidade Murada, o primo tinha confirmado sua nova impressão do lugar, as coisas tinham melhorado bastante. Uma idéia começou a se formar na mente de Milo, ele sorriu atravessado, lembrou de quando foi a cidade coberto com a capa que o deixava invisível. A excitação da aventura voltou com tudo, ele se sentira muito vivo porque só dependia dele mesmo, mas desta vez poderia chamar mais alguém.

E foi assim que na noite seguinte, ele e Thales entraram no portal do palácio rumo a Cidade Murada. Milo levava a capa mas não a usava, estava guardada na mochila presa em suas costas para alguma emergência. Eles configuraram o portal para sair no portal do outro palácio, o palácio de Dario. Aquilo só era possível porque havia magia familiar envolvida no processo, outro fandan que não fosse da família não conseguiria ir de um palácio a outro daquela maneira, e principalmente, a magia partira do príncipe, se tivesse partido de Thales não valeria. Não contaram nada pra ninguém, mas deixaram um bilhete na mesa que estava ao lado do portal. Sorriam um para o outro como dois meninos aprontando uma traquinagem.

O portal do palácio de Dario ficava numa sala cheia de armaduras de guerra, havia armas ali também. O ambiente estava silencioso e escuro quando os dois fandans entraram na sala. Milo olhou pela única janela que tinha grades, tinha começado a chover lá fora.

- O que faremos agora? - disse Thales.

- Está cedo ainda, ninguém está dormindo. Vamos direto aos aposentos de minha mãe e de Dario. Você vai querer ver sua filha, não?

Eles saíram da sala e seguiram pelo corredor, os aposentos reais ficavam no ultimo andar do palácio, teriam que subir as escadas. Não havia ninguém por ali, os guardas ficavam do lado de fora, e os funcionários já tinham ido embora para casa. Quando eles chegaram no corredor do ultimo andar deram de cara com alguém que vinha no sentido contrário:

- O que vocês estão fazendo aqui? - Era Dario.

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quinta-feira, 3 de julho de 2025

Portas ilusórias ou não? P-227

A rainha Lara estava fascinada pelo diário do rei Eduardo e por aquele lugar.

- Eu li alguns trechos deste diário rapidamente, coisas sobre a administração do reino que eram importantes saber. Mas esta parte sobre o recinto das portas, que é como Eduardo chamava este lugar, eu nunca tinha lido. Preciso de tempo para ler.

- Então é melhor voltarmos outro dia. - disse Milo - Você acha importante irmos na primeira vila dos fandans, poderíamos começar por esta porta.

- Tem uma coisa muito importante que vocês precisam saber. - disse Athina - Estas portas não levam a lugar nenhum.

Todos olharam para ela sem entender. Athina se encaminhou para a porta mais próxima e mostrou um símbolo gravado ali, depois passou por todas as outras portas e sim, o mesmo símbolo estava gravado em todas as portas.

- Espere... eu sei o que este símbolo quer dizer... - disse Bah. As aulas teóricas de magia ainda estavam fresquinhas em sua mente. - É um símbolo de ilusão.

- Exato! Quando abrimos uma porta tudo que um fandan ver é uma visão particular, mas não é real, é como ter um sonho acordado, algo místico. 

- Ah entendi...- disse Milo - Apenas os portais que já conhecemos nos levam de um lugar para outro. Estas portas não tem esta capacidade.

- Perfeito! - disse Athina.

Milo e Lara se entreolharam. 

- Então estávamos errados! Não podemos ir a lugar nenhum? - a rainha Lara estava visivelmente decepcionada.

- Fisicamente não. - disse Athina.

-Teremos que refazer nossos cálculos de localização em um portal de verdade para irmos a antiga vila.Vou te passar o diário quando terminar de ler.

- Não fique tão decepcionada. Estas portas podem nos ensinar muito, mostrar coisas escondidas que não podemos ver ou não queremos ver... Elas mostram a nossa alma!