domingo, 23 de junho de 2024

Revelação P-184

Milo ficou pensando no que o policial tinha lhe dito e não demorou muito para que uma idéia surgisse em sua mente. Quase no mesmo momento Bah entrou na sala com os olhos arregalados de curiosidade. Quando soube do resultado da investigação dos ossos da gaveta disse:

- Você está pensando o mesmo que eu?

- Sim! Ezra!

- Exato!

Mas é claro! Ezra, uma antepassada de Milo que fez parte dos primeiros fandans que vieram morar na ilha, ela que tinha sido enterrada em um túmulo numa mata fechada de Esmirna, como era costume dos humanos. O túmulo tinha sido destruído por Bah algum tempo atrás, pois o lugar estava assombrado pelo espectro de Ezra. Ela faria qualquer coisa pra continuar fazendo magia maléfica no plano físico.

- A minha mãe retirou os ossos de Ezra do túmulo, e isso foi antes dele ser destruído. Estou presumindo que foi assim. Talvez ela tenha combinado isso com Ezra antes de sua morte.

- Então... os ossos servem exatamente para que?

Essa era a pergunta que eles não sabiam responder no momento mas logo saberiam.

Thales tinha voltado pra Esmirna, depois de mais um encontro com Mara na ilha negra. Ele andava bem arredio desde o dia que chegara.

- O que há com você? - Milo conseguiu encurralar Thales na saída do corredor principal.

Thales suspirou: - Briguei com sua irmã, mas não quero falar sobre isso.

- Tudo bem se não quer falar. Isso não me surpreende, Mara é muito voluntariosa.

Thales concordou com a cabeça: - Vamos mudar de assunto. Que ossos são estes que tanto falam por aqui?

Milo explicou tudo para ele e repetiu a pergunta de Bah, que serventia tinha aqueles ossos?

- Para potencializar uma magia maléfica. - Thales fez uma pausa e encarou Milo - Geralmente é magia para matar.

😮😮

domingo, 16 de junho de 2024

Limpeza e purificação P-183

Um policial de Esmirna.

Aquilo era surreal, o que fazia um esqueleto dentro de uma gaveta? O primeiro pensamento de Milo foi questionar se os ossos eram de verdade, afinal poderia ser um esqueleto de plástico usado para estudos. Eles retiraram algumas peças e examinaram de perto e sim, era ossos de verdade! Tudo estava ficando sinistro demais. As perguntas começaram a pipocar na mente de Milo: a quem aqueles ossos tinham pertencido? E pra que estavam sendo usados? Magia ruim, macabra, a resposta só podia ser esta. Os ossos pareciam está queimando nas suas mãos, ele largou os mesmos em cima de uma mesa, enquanto um fandan foi pegar uma caixa pra levar todos para exames. Eles iriam descobrir o que pudessem sobre aquele achado.

Quando ele passou pela porta estreita e retornou para o quarto principal, sentiu que não gostaria de ficar naquele quarto sabendo de tudo que havia ali, do outro lado da parede. De repente todo seu entusiamo em reformar aquele casa murchou como uma flor sem água. O que poderia fazer? Uma limpeza espiritual? Sim, talvez esta seja a melhor opção. O quarto secreto foi fechado e lacrado. Mandou chamar Athina, quando ela chegou, já no outro dia, foi examinar o quarto e ficou impressionada:

- É possível purificar este lugar mas vai dar trabalho. A energia está densa e estagnada aqui. Poderíamos começar retirando todos os móveis e objetos, por exemplo. A luz e o ar precisam entrar.

Fazer isso deu trabalho, mas valeu a pena. Tudo foi examinado, limpo e purificado pela magia do bem. Algumas coisas foram doadas, outras Milo resolveu ficar para decorar a casa, nisso Bah lhe ajudou muito. Ele separou algumas coisas que eram provas contra a mãe e seus aliados, aquilo não poderia sair dali. Depois o próprio quarto passou pelo mesmo processo, descobriram janelas atrás das gavetas e assim, depois de muito tempo, o quarto secreto recebeu a luz do sol novamente.

A polícia de Esmirna procurou Milo uma semana depois.

- Senhor príncipe, não conseguimos identificar de quem é estes ossos. Só sabemos que era uma fandan, não é humano. - o chefe de polícia foi logo explicando o motivo da não identificação ao ver o olhar de Milo - O DNA presente neles não pertence a nenhuma fandan que tenha vivido ou nascido em Esmirna ou em Solemar. Ou pode ser muito antigo, anterior ao começo do processo de identificação.

E agora?

🌛⭐🌜

domingo, 9 de junho de 2024

No quarto secreto P-182

Milo foi tomado pela curiosidade, queria ver o que tinha naquele lugar escuro, sentiu cheiro de mofo,  aquele lugar não era aberto há algum tempo, com certeza. Chamou alguns fandans, pois sua intuição lhe dizia para nunca entrar num lugar desconhecido sozinho, não por falta de coragem, mas porque tinha aprendido que sua vida valia muito para arriscá-la à toa, afinal ali poderia ter magias escondidas, já que era um local construído para ser secreto.

Após se protegerem com magias de defesa, acenderam uma luminária e entraram devagar no recinto escuro. A luminária era mágica e dependendo da necessidade, seu tamanho aumentava ou diminuía até apagar. A luminária chegou assim ao seu tamanho máximo alumiando um quarto enorme, havia ali muita poeira, objetos antigos entulhados em cima de mesas e escrivaninhas, os maiores tinham sido colocados no chão, havia também retratos nas paredes e cadeiras e outros objetos quebrados.

O que mais chamou a atenção de Milo naquele momento foram os retratos. Trouxeram mais luminárias e aí foi possível ver quem estava neles: Milo reconheceu sua mãe, os ex-donos daquela casa e outros aliados da rainha Melina, embaixo de cada retrato havia uma data, pelo jeito eles se reuniam frequentemente naquele local, mas para que? Planos secretos? Uma sociedade secreta?

Depois dos retratos Milo e seus companheiros passaram a olhar os outros objetos. Milo encontrou em cima de uma enorme escrivaninha, um livro pequeno, muito parecido com um diário, onde era descrito o teor das reuniões, ou seja, a ata de cada encontro. Assim que começou a ler percebeu que aquilo era uma prova material do que sua mãe e seus aliados aprontavam por ali. Eles tinham fugido deixando provas para trás! Certeza de impunidade?  Algumas frases lhe chamaram a atenção: O reino de Esmirna é superior e deveria ser o único. Nós somos descendentes da rainha Sol! Quem é o rei Eduardo de Solemar para suplantar nossa supremacia? 

Neste momento um fandan soltou um grito. Todos correram pra ver o que ele tinha encontrado: na parede do fundo do quarto havia várias gavetas enormes que iam do teto ao chão. O fandan tinha aberto uma delas e ali dentro jazia um esqueleto todo quebrado.

😮😮😮

domingo, 2 de junho de 2024

Na casa do pico da montanha P-181


Quando Milo voltou das férias e assumiu suas responsabilidades, descobriu que a casa do alto da montanha do pico, onde sua mãe e Mara estiveram quando estavam interditadas e dali fugiram para Cidade Murada, estava precisando de reforma. A casa tinha ficado praticamente abandonada este tempo todo, e na verdade pertencia a dois aliados da rainha Melina que tinham ido embora de Esmirna junto com ela. Pela lei de Esmirna, os aliados que não moravam mais na ilha e eram culpados por alguns crimes, já não eram donos da casa, fazia parte da punição ter perdido aquele bem, a casa agora pertencia a coroa.

O conselho achava que poderiam recuperar a casa e a própria família real a usaria para passar os meses menos frios. A arquitetura da casa era extraordinária, sua localização era excelente e o jardim enorme era muito bem projetado. Milo tirou um dia da semana para ir lá. Assim que a casa começou a aparecer numa curva do caminho, as lembranças dos ultimos dias da rainha Melina em Esmirna lhe voltaram com tudo. Depois que ela fugiu, fizeram uma faxina na casa e um bilhete foi encontrado no chão com apenas duas palavras: Eu voltarei! Milo duvidava muito que um dia a rainha Melina cumprisse a promessa. 

Ele se postou na varanda mais alta onde dava pra ver todo o litoral norte de Esmirna. Aquilo lhe fez lembrar do castelo da ilha negra onde uma cena ficou marcada em sua memória: Dario postado no ponto mais alto do castelo olhando para o porto e as praias lá embaixo, ele tinha orgulho de estar recuperando aquele lugar. Pois bem, pensou ele, esta casa será meu castelo, vou recuperar e fortalecer este lugar.

Os fandans designados para recuperação da casa entraram em ação imediatamente. Pra começar foi feita uma nova faxina e foi aí que aconteceu algo estranho: uma fandam estava limpando um armário no quarto principal, quando uma parte da madeira que forrava o fundo do armário se soltou e quebrou. A fandan viu algo estranho e foi chamar alguém. Por coincidência Milo estava lá na hora e foi ver o que era. Ele ficou na frente do armário e viu o que a fandan tinha visto: ali, onde a madeira tinha quebrado, tinha um buraco escuro na parede! Quase no mesmo momento, notou uma espécie de botão bem escondido na lateral do mesmo armário, nem titubeou, apertou o botão e toda a estrutura do fundo do armário deslizou para direita, revelando uma porta estreita que levava a um quarto escuro e secreto!

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