Bah investiga P-193

Floresta de Esmirna

 Bah não perdeu tempo, quando saiu da casa do alto da montanha ela foi direto para casa de Milka, que naquela hora do dia com certeza estaria em casa. Encontrou a tataravó arrumando a sala, pois algumas amigas tinham acabado de sair de lá. Bah contou os ultimos acontecimentos e perguntou a ela sôbre Pete.

- Pete? - Milka franziu a testa mas depois seu rosto se iluminou - Ah sim! O namorado de Nay!

- Onde ele mora? Será que saiu da ilha?

- Na verdade, nunca mais o vi... ele morava perto da praça central naquela rua que desce até a praia.

- Certo, vou lá. Se lembrar de mais alguma coisa me diga.

Bah correu até a rua que Milka indicara, saiu perguntando a vários fandans e descobriu que Pete aparentemente sumira mesmo há algum tempo. A casa que lhe disseram ser dele, tinha todo o aspecto de uma casa abandonada. Uma placa de "vende-se" estava pregada no muro da frente. Uma fandan que arrumava flores em sua janela disse pra Bah:

- Ele sumiu na mesma época que Nay e Ney também sumiram. 

Então ele deve ter entrado no portal também. - Pensou Bah.- Pelo jeito só descobririam mais alguma coisa se Athina encontrasse uma magia mais poderosa.

- Você sabe em que ele trabalhava? E a família dele?

- Ele era ferreiro. - A fandam apontou um grande móvel na sala dela, cheio de prateleiras. - Foi Pete que fez. A família dele mora na floresta, ele tem muitos irmãos, de vez em quando eles apareciam por aqui.

Bah tinha mais uma pista para seguir, mas só no outro dia conseguiu informações sôbre a família de Pete no setor de censo de Esmirna. Syl estava sem encomendas de jóias e resolveu ir com Bah na floresta de Esmirna, ela já sabia do que estava acontecendo na casa do alto da montanha antes de Bah contar a ela. 

A floresta era bem grande e densa, um único caminho serpenteava por entre as árvores, de vez em quando uma casa aparecia  e desaparecia enquanto elas seguiam em frente, até que Bah apontou:

- Deve ser esta.

...

Mais Dúvidas P-192

Imagem de um cartão encontrado por Bah no porão, atrás estava escrito: Nay e Pete.❤

Athina estava tentando iluminar o local com magia, pois as luminárias tinham ficado no quarto, mas ela não chegou a pronunciar as palavras mágicas. Um barulho estranho começou baixinho e foi ficando cada vez mais alto, algo como um zumbido irritante, fazendo os três taparem os ouvidos quase ao mesmo tempo. Foi nesse momento que uma força atirou todos de volta ao quarto onde caíram sentados, enquanto a porta se fechava com força. Quase no mesmo momento a porta virou espelho novamente e tudo cessou.

-Isso é bem mais sério do que eu pensava - disse Athina arrumando os cabelos e se levantando.

- Gente, além do zumbido tinha um cheiro de bôlo no fôrno. - disse Bah.

- Ouvi o zumbido, mas não senti cheiro nenhum, vi um vulto outra vez, era um vulto masculino escuro que se aproximou de mim rapidamente com os braços estendidos para frente. Interessante é que ele se destacava na escuridão, eu conseguia ver o vulto no breu total. Mas antes dele encostar em mim saímos de lá. - disse Milo.

- Será que era Ney pedindo ajuda? - disse Bah.

- Pode ser. Mas aquele lugar não era seguro porque a magia de proteção nos tirou de lá.- disse Athina.- Príncipe, eu preciso fazer mais verificações, estudar meus livros, pois pelo que vi agora, a magia usada aqui é avançada.

- Qual sua impressão do que aconteceu aqui?

- Pra mim alguém trancou a família neste portal, de tal maneira que nunca mais voltassem. Por qual razão? Isso vamos ter que descobrir também.

- Lembrei de uma coisa!- disse Bah. - Esquecemos de alguém! O pai de Cachinhos Dourados, a filha de Nay, que era chamado de Pete. Ele pode nos dar alguma pista.

- Será que ele não entrou no portal também?

- Pois é, não sabemos nada sobre ele, mas vou pesquisar.

- Já eu vou fazer o seguinte: - disse Milo - vamos terminar a reforma da casa, mas só viremos morar aqui quando descobrirmos este mistério.

O portal P-191

Athina e suas pupilas começaram a procurar pelo suposto portal naquele mesmo dia. Sim, o portal poderia estar em qualquer lugar da casa, mas elas iniciaram a procura pelo porão. Depois de verificarem ali e nada encontrarem, subiram a escada, agora iluminada, para continuar a procura no restante da casa.

- Desconfio que sei onde é esse portal, mas é só uma suspeita. - Milo lembrou do espelho do quarto quando um vulto escuro passou por trás dele.

Athina se postou em frente ao espelho e falou as palavras mágicas. Ao redor dele, no seu contorno na parede, apareceu uma luz branca muito forte.

- Sim, com certeza é aqui. Mas o portal foi bloqueado.

- Por este lado ou pelo lado de lá?

Athina examinou mais atentamente: - Foi por este lado, aqui neste quarto.

Todos se entreolharam, a pergunta era óbvia, quem terei feito isso e por que? Athina continuou a inspeção:

- Pelo que estou vendo, a ultima magia que passou por aqui, tirando a minha agora, é bem antiga. Possivelmente é da época que a família morou aqui.

- Será seguro desbloquear este portal? Não sabemos o que há no outro lado.

- Estamos protegidos por magia, não estamos?

Mesmo assim fizeram alguns preparativos, Milo quis garantir que voltariam após passar pelo portal.

- Acho que você está certo, precaução neste caso é muito importante.

Athina pronunciou outras palavras mágicas e o espelho virou uma espécie de porta que se abriu lentamente. Mas onde havia luz antes, agora era só escuridão. Eles se aproximaram da passagem devagar, Athina ia na frente e esticou o pescoço naquela escuridão tentando ver alguma coisa. Ali dentro era muito silencioso, frio e havia um cheiro no ar. Bah reconheceu o aroma imediatamente: era cheiro de bôlo assando no forno.

🎂🎂🎂

O casal de irmãos P-190

Cachinhos dourados

Por aqueles dias, Milka voltou da Ilha Negra onde tinha ido passar algumas semanas junto com Frei. As hortaliças estavam indo tão bem, que Frei já pensava em diversificar e começar a plantar frutas também. No começo o solo pobre da ilha deu trabalho, mas ele soube como contornar aquilo, e agora os três reinos dos fandans recebiam hortaliças de primeira qualidade.

Milka foi visitar Bah no outro dia do descobrimento do porão na casa do alto da montanha. Athina tinha colocado nela e em Milo proteções fortes para que pudessem abrir o alçapão sem medo.

- Acho que não precisa de tantas proteções - disse Milka tomando uma xícara de café - Eu conheci a família que morava lá, um casal de irmãos, ela tinha uma filhinha e o pai dela de vez em quando passava por lá. A fandan se chamava Nay, era muito ligada as plantas como o Frei, só que ela gostava muito de flores, o jardim da casa era maravilhoso, várias pessoas iam lá só pra ver as flores e comprar os bôlos que ela fazia, eram deliciosos. Já o irmão dela, Ney, era meio excêntrico, nunca vi ele namorar, gostava de ficar só, pesquisando seus mistérios.

- Que tipo de mistérios?

- De todo tipo! Por exemplo, ele achava que a casa tinha um portal mágico e não parava de procurar. Eu tenho pra mim, que ele acabou encontrando o portal e convenceu a irmã pra entrarem nele e não conseguiram retornar.

Bah achava que aquilo explicaria o mistério do desaparecimento, mas precisavam comprovar. Já Milo, conversando com Dario no espelho, descobriu que os ultimos donos da casa, que agora moravam na Cidade Murada, tinham fechado a entrada do porão depois de colocarem lá os pertences do casal de irmãos. 

Mas enfim chegou a hora de abrirem aquele alçapão. A entrada estava úmida da água da chuva como também a escada empoeirada que descia para a escuridão. Eles acenderam as luminárias e verificaram que realmente havia móveis, roupas, vários objetos de decoração e várias caixas com outros objetos, como utensílios de cozinha, que deviam pertencer a família desaparecida. Bah se deteve em frente ao retrato dos irmãos e de uma pequena fandan de cachinhos dourados. Olharam tudo e nada de anormal foi encontrado. Será que foi ali que Ney encontrou o portal?

❓❓

O porão P-189

A ponte na descida da montanha

A noite passou devagar enquanto a chuva continuava, diminuindo e aumentando outra vez. Quando os relâmpagos começaram já era madrugada, eles iluminavam a casa inteira com sua luz intensa. Bah conseguiu dormir, enquanto isso, Milo ficou pensando na estória do desaparecimento da família que tinha morado ali no passado. Ele começou a andar pela casa e acabou encontrando uma janela aberta, a água da chuva escorria pelo chão até um determinado ponto onde parecia se infiltrar no piso. Aquilo era estranho, deveria ser verificado. Um grande espelho no quarto principal refletia a luz dos relâmpagos e por um momento, quando Milo estava bem em frente a ele, teve a impressão de ter visto um vulto passando nas suas costas. Se voltou rapidamente mas não viu nada anormal por ali. Teria sido sua imaginação? Milo não queria admitir que estava com medo. Mas a casa tinha sido purificada, não poderia ser algo de outra dimensão.

No outro dia, quando a chuva finalmente deu uma trégua, eles trataram de providenciar o conserto da ponte. Quando tudo voltou ao normal, Milo chamou os fandans que trabalhavam ali, pra verificar a suposta infiltração no piso de um dos quartos. Na planta da casa, bem no lugar onde ele viu a água entrando, só tinha piso, mas havia um estranho asterisco bem ao lado. Eles fizeram vários testes e optaram por retirar as lajotas de pedra daquele local para verificar embaixo. Acabaram por encontrar uma porta quadrada de madeira molhada e ficaram abismados. Mais uma porta secreta naquela casa!

Foi um alvoroço só. Mas Milo não deixou ninguém entrar por aquela porta. Precisavam se preparar antes, da mesma maneira que fizeram com a porta do quarto secreto. Proteções mágicas nunca são demais! Depois de uma pesquisa mais detalhada descobriram outra planta da casa, essa era bem antiga, e para espanto geral, aquele canto antes era a entrada para um porão, com alçapão e tudo!

- Então os últimos donos trataram de esconder este porão colocando pedra por cima, mas por que? - perguntou Bah

- A resposta deve está lá embaixo.- disse Milo.

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