Milo estava sentado no pátio externo do palácio de Esmirna numa sombra de uma árvore frondosa, ela existia ali há tanto tempo que ninguém sabia dizer sua idade. Fazia um dia lindo e ensolarado e ele tinha acabado de almoçar, no seu lado direito duas cartas estavam sobre a mesa vindas da Cidade Murada. Ele hesitou e acabou pegando a de Thales, que dizia:
Primo
Achei melhor escrever que usar os espelhos, por aqui nunca se sabe se há alguém ouvindo. Mara está bem, se recuperou bem rápido do parto e a pequena Mia também, ela dorme quase o tempo todo. É uma coisinha fofinha e vermelhinha. Eu fico olhando para ela sem acreditar que é minha filha, parece alguma espécie de sonho.
Sei que você quer saber como estão as coisas por aqui. Bem tranquilas, afinal as figuras sinistras foram embora. Os seguidores deles foram junto, então posso crêr que as ameaças contra mim acabaram. Mas não consigo relaxar completamente, estou sempre alerta e quando vou dormir procuro um lugar que ninguém me ache.
Eu enviei uma carta para Alana também. Mas a grande novidade daqui é que a tia Melina recebeu uma carta de Margot, não tinha o endereço de remetente mas ela dizia na carta que já tinha chegado ao seu destino e estava feliz. Eu li a carta dela, todos nós lemos aliás... quando Dario terminou de ler ficou pensativo, depois disse que achava que mago Ron tinha ido atrás de Margot. Não duvido.
A cidade parece outra, tem um clima mais amistoso. Você deveria pensar seriamente em vir aqui...
*****
A outra carta tinha sido enviada para Frei. O remetente era o diretor de operações da Ilha Negra, um subordinado de Dario. Será que o governante da Cidade Murada sabia daquilo? Frei tinha entregado a carta a Milo dizendo:
- Ele pede desculpas pelo que aconteceu e pergunta se eu não poderia retornar ao trabalho que fazia lá. Aparentemente, as hortaliças estão indo de mal a pior.
- Você gostaria de voltar?
- Não.
- Então vamos esquecer esta carta, nossa tranquilidade vale muito.