A tempestade trouxe alguém do passado P-67

Ao ouvir a pergunta de Bah,  Alana se calou e ficou muito vermelha, mas conseguiu responder:

- O que importa se eu ainda gosto de Milo, ou não? Ele não gosta de mim, nunca gostou! Estou fazendo isso, lhe dizendo isso, porque é o certo a fazer. Não gosto de jogar sujo. Eu converso muito com minha mãe e ela me disse uma coisa muito certa: eu convivi durante anos com pessoas que eu achava que conhecia, quando elas finalmente revelaram quem realmente eram, eu quase entrei em choque. A única coisa que eu pensava em fazer era fugir... agora com a cabeça no lugar e livre da pressão da rainha eu vejo as coisas melhor, como realmente são...

- Está bem! Então, vocês vão mesmo se mudar? Gostaram da casa que vieram ver?

- Sim, atende as nossas necessidades. Mas eu preciso falar com a rainha Lara, precisamos de proteção. Não quero viver com medo.

Bah por intermédio de Erik, que trabalhava no palácio de Solemar, conseguiu uma audiência pra Alana e sua família. A rainha Lara ficou estarrecida com a estória que ouviu e depois de cumpridas as formalidades, Alana saiu aliviada pra começar sua nova vida em Solemar. Recomeçar aliás, pois na sua cidade, mesmo longe do palácio, estava sendo perseguida pra não falar o que sabia.  Bah chamou Milo e ambos conversaram longamente sobre tudo aquilo com a rainha Lara:

- Milo, me desculpe, mas a cada dia que passa sua mãe e sua irmã me decepcionam mais... - disse a rainha.

- Não precisa se desculpar, eu achei que com o tempo não me surpreenderia mais com as maldades de minha mãe, mas ela consegue se superar, e o pior é que Mara está seguindo o mesmo caminho.

- Eu nomeei meu primo Carl pra tratar de assuntos com a cidade de Esmirna, não vou mais conversar pessoalmente com sua mãe, não me sinto a vontade pra isso, perdi a confiança nela. Carl vai ser um intermediário/embaixador. Meus filhos são pequenos pra assumirem papeis assim, ainda têm muito a aprender.

E assim a vida seguiu, um dia após o outro com uma noite no meio. Dias quentes e abafados, sol de rachar, pouco vento. Até que numa noite uma tempestade arrasadora chegou a Solemar, foram 24 horas de muita chuva e ventos fortes; quando finalmente a chuva cedeu e o vento parou, os fandans que cuidavam do porto de Solemar encontraram um barco quase totalmente destruído na areia, e entre os destroços um fandan desacordado que não conheciam, deveria ser de Esmirna. O fandan foi levado e recebeu cuidados, mas quando acordou não sabia dizer seu nome, não sabia quem era. Milo foi chamado pra ver se reconheceria o naufrago, se aproximou devagar do leito, o fandan dormia, a luz entrava pela janela... ele ficou imóvel olhando para o desconhecido, seus olhos se encheram de lágrimas.

- Eu sei quem ele é... é o meu pai! Ele desapareceu há muito anos!

✍ " O amor tem um limite que se chama dignidade. "✍